O líder militar do Sudão, Abdel-Fattah al-Burhan, prometeu libertar “nos próximos dias” os ministros do anterior governo e os políticos detidos após o golpe de Estado de 25 de outubro, revelou esta quarta-feira um assessor do general sudanês.

Segundo Taher Abu Haia, citado pela agência Efe, “Abdel-Fattah al-Burhan prometeu aos mediadores nacionais e à equipa de mediação do Sudão do Sul libertar os presos do anterior governo e os políticos nos próximos dias”.

O assessor de comunicação do novo homem-forte do Sudão salientou, contudo, que continuarão detidos todos aqueles “contra os quais se confirmem acusações criminais”, designadamente os que são acusados de corrupção pelos militares.

Abu Haia acrescentou que o general Al-Burhan recebeu esta quarta-feira o enviado da União Africana (UA), o ex-presidente nigeriano Olusegun Obasanjo, a quem assegurou que estão em curso consultas para se formar rapidamente um governo civil, mas sem se comprometer com uma data.

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Nesse encontro, Al-Burhan disse ao enviado da UA que as Forças Armadas estão comprometidas em “proteger a etapa de transição até à realização de eleições em julho de 2023”, acrescentou.

Esta quarta-feira, fonte do governo derrubado há cerca de uma semana disse que o primeiro-ministro Abdallah Hamdok se recusa a falar diretamente com os militares golpistas até que sejam preenchidas algumas condições, designadamente a libertação dos detidos em consequência do golpe.

No final da semana passada, fontes do gabinete de Al-Burhan revelaram que o general está disposto a aceitar a formação de um novo Conselho de Ministros liderado por Hamdok.

O antigo chefe do Governo encontra-se atualmente sob o regime de prisão domiciliária após ter permanecido 36 horas detido pelos militares, enquanto outros ministros do seu gabinete e líderes políticos continuam em paradeiro desconhecido, depois de terem sido igualmente detidos com o golpe de Estado.

Al-Burhan dissolveu a 25 de outubro os órgãos do governo de transição democrática, criados depois do derrube do ditador Omar al-Bashir em abril de 2019, e declarou o estado de emergência em todo o país.