Foi precisamente na Liga Europa, no sempre difícil e até por vezes apoteótico campo do Estrela Vermelha, que o Sp. Braga havia perdido pela última vez para todas as competições. Chegados esta quinta-feira a nova jornada europeia, depois de vitórias frente ao Midtjylland e Ludogorets, os minhotos recebiam precisamente a equipa búlgara, com a Pedreira, que esteve bem barulhenta, a contar que a sua equipa chegasse ao décimo jogo sem sofrer qualquer desaire.

Seria talvez estranho negar que esta é a melhor fase da equipa até agora e o seu treinador, Carlos Carvalhal, assumiu que nunca os seus pupilos estiveram tão bem neste primeiro terço de temporada: “Sim [equipa na melhor fase da época], a equipa tem vindo a progredir. No ano passado perdemos os dois primeiros jogos do Campeonato e depois fomos progredindo, os jogadores foram percebendo as nossas ideias e atingimos um ponto que levou as pessoas a dizer que éramos uma das equipas que melhor futebol praticava. Este ano também não começámos bem, mas temos vindo a melhorar. Estamos no bom caminho e a evoluir, o que não quer dizer que estejamos já a jogar na perfeição, a equipa tem uma margem muito grande de progressão, sobretudo na eficácia ofensiva”.

E se o treinador do Sp. Braga pede, de certa forma, mais concretização no momento do remate certeiro, lembrou que a equipa tinha de “estar top” porque qualquer distração seria fatal frente a um Ludogorets que em 2017, para a mesma competição, venceu no Minho por 2-0. E o pedido de Carvalhal tinha alguma lógica porque, apesar do pedido de eficácia, a sua equipa estava há cinco jogos sem sofrer golos. “Criávamos muitas oportunidades, mas com níveis de eficácia baixos. Estamos a progredir, mas ainda podemos melhorar”, frisou ainda o timoneiro dos guerreiros.

Com um onze inicial dentro do que tem sido o habitual, desde que os habituais titulares estejam em condições físicas, o Sp. Braga até entrou com pouca bola no jogo, mas os búlgaros eram completamente inférteis na construção. Os centrais Plastun e Verdon jogavam muito entre si e com o guarda-redes Kahlina, por vezes até demais. É que num conjunto sem muita qualidade técnica pode ser complicado sair de pé para pé na prática, ainda que na teoria a situação venha estudada. Assim, os bracarenses conseguiram recuperar várias bolas perto da área adversária e criar lances de perigo.

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Um dos primeiros lances perigosos foi também o mais caricato do encontro. Yan Couto cruzou da direita e Ricardo Horta apareceu a finalizar de pé esquerdo, ainda que pressionado. O guarda-redes do Ludogorets tocou na bola e esta pingou na trave. Duas vezes. Foi um lance com alguma graça, mas o Sp. Braga continuava sem muita vontade de rir. No entanto, os comandados de Carvalhal continuavam de dentes cerrados e depois de Galeno, que fez a cabeça em água ao lateral direito Ikoko, ter rematado ao lado na cara do guardião advesário, Al Musrati fez golo. Foi à bomba, mas com frango, como se costuma dizer nas lides do futebol. O líbio rematou forte, sim, mas Kahlina tinha de fazer mais. Não fez e apenas ajudou a bola a entrar. 1-0 merecido para a equipa bracarense.

E por esta altura, estando decorridos 25′, o Sp. Braga apresentava uma dinâmica de salutar, conseguindo atrapalhar a equipa búlgara de várias maneiras. Se na esquerda Galeno estava a partir tudo, a direita com Yan Couto e Iuri Medeiros combinava muito bem com o resto da equipa, que jogava muito bem. Apesar do merecido elogio, há que destacar o demérito da equipa portuguesa ao sofrer o empate menos de 10 minutos depois. Yankov desmarcou Sotiriou que fez golo na cara de Matheus. Contra a corrente do jogo, mas se algo fez foi com que os jogadores bracarenses metessem mãos à obra.

Com lógica e mérito, o Sp. Braga faria dois golos muito rapidamente e, lá está, de formas diferentes. O 2-1 veio após boa combinação entre Castro e Ricardo Horta, com o avançado português a cruzar da esquerda. Galeno, bem, deixa passar a bola e Iuri Medeiros finaliza forte para dentro da baliza. Foi aos 37′ e três minutos depois Galeno faria o 3-1, aguentando bem fisicamente Ikoko (o massacrado da primeira parte) e finalizando à saída de Kahlina. No terceiro golo bracarense, destaque para o grande passe de calcanhar de Ricardo Horta. Grande momento de futebol.

No segundo tempo o Sp. Braga entrou com a velocidade com que tinha terminado os primeiros 45′, quase como se não tivesse havido intervalo. Contudo, não apareceram golos e, sem muita surpresa, os bracarenses deixaram assentar o jogo em cima do resultado construído no primeiro tempo. Tal como tinha acontecido na primeira parte, o Ludogorets teve uma ocasião de golo, mas se na primeira parte marcou, à segunda Matheus, cara a cara com Despodov, fez uma grande defesa e evitou males maiores.

A faltar 15 minutos para o fim o Sp. Braga acabou com um jogo que mesmo controlado podia sempre ficar algo tremido em caso de golo búlgaro. Foi precisamente um jogador do Ludogorets, Ikoko, que desmarcou sem querer o avançado bracarense Mario González, que acabado de saltar do banco fez o 4-1. Poucos minutos passados e mais um golo em Braga, mas do eficaz Ludogorets, por intermédio de Plastun, num cabeceamento. Novamente culpas para a equipa de Carlos Carvalhal, muito passiva no pontapé de canto que deu o segundo golo adversário. Há cinco jogos sem sofrer golos, duas distrações acabaram com essa senda.

O Sp. Braga venceu bem, com qualidade mas sem necessidade de sofrer os dois golos. Para a história fica o mais importante: os bracarenses são líderes do grupo e garantiram a continuação na Europa. Falta saber é se como primeiro e passa logo aos oitavos; se como segundo e joga com quem cair da Champions; ou como terceiro e cai para a Conference League. Hipóteses não faltam, mas é claro onde estão os olhos e o futebol da equipa portuguesa.