Na primeira entrevista após ter anunciado que ia abandonar o Parlamento e a vida política, Cecília Meireles disse que assistiu ao “degradar da vida interna” do CDS. Houve uma espécie “ajuste de contas” com o passado e o partido está a “perder o norte daquilo que é importante”, apontou, acrescentando que relação institucional era “difícil” no CDS: “Tive a sorte de ter muito trabalho para me ajudar a lidar”.

Em entrevista ao programa Polígrafo, na SIC Notícias, Cecília Meireles afirmou que se for convidada para as listas do CDS por Francisco Rodrigues dos Santos “não tem condições para aceitar”. Além disso, descartou a ideia de que tenha abandonado o partido com receio de que não fosse integrada nas listas.

“Saio feliz com aquilo que tive oportunidade de fazer no CDS”, referiu a deputada centrista, que garantiu que em “cada momento fiz o meu melhor para honrar essas oportunidades”. Cecília Meireles também indicou que a decisão de abandonar a vida política foi “pensada e ponderada”.

Sobre a altura em que decidiu abandonar o Parlamento, a deputada alegou que os “mandatos são para cumprir” e que por isso escolheu este momento em que se avizinham eleições antecipadas. “É um compromisso com o nosso partido e com os nossos eleitores”, explicou, assegurando que “tentou sempre honrar esse duplo compromisso”. Ainda assim, admitiu que preferia “que o fim tivesse sido mais pacífico”.

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Para a democrata-cristã, o problema do CDS reside, hoje em dia, na “consistência e de credibilidade” e não no papel ideológico. O partido sempre foi um “espaço de várias direitas, em que as diferenças somam mais do que diminuem”, defendendo valores como a “iniciativa privada, o trabalho e o patriotismo”. “Esse CDS tenho tido dificuldade em encontrá-lo”, vincou, destacando que “um partido não é só um conjunto de ideias, é saber lutar por elas todos os dias”. Há muito “trabalho de formiguinha” — e Cecília Meireles não o tem visto no CDS.

Reiterando o apoio a Nuno Melo, a deputada assinalou que nunca ponderou candidatar-se à liderança do partido: “O CDS tem um candidato à liderança e ele trouxe esperança e vi um CDS que não via há algum tempo”.

Cecília Meireles referiu ainda o papel “muito importante” que o CDS teve no panorama político português ao longo dos últimos 45 anos. “Fez a diferença“, afirmou, mencionando que na penúltima legislativa o partido foi “a única voz de oposição no Parlamento” contra a gerigonça.

Por fim, a deputada garantiu que “não é uma pessoa de ressentimentos” e que ainda não “perdeu a esperança” de se voltar a rever no partido.