Não tardou muito a reação de Rangel ao anúncio de Rui Rio. Com o opositor a deixar claro que não se dedicará à disputa pela liderança do PSD — preferindo concentrar energias na construção do programa para as legislativas — a resposta de Paulo Rangel vem com ironia: “Saúdo que finalmente Rui Rio queira fazer oposição a António Costa”.

“Tenho defendido que o PSD tem de fazer oposição ao Governo, mas acho que os nossos militantes mereciam um debate interno. Os militantes são chamados a votar no dia 27 para escolher o melhor candidato a primeiro-ministro e, portanto, é expectável que também haja um respeito por essa eleição”, afirmou Rangel criticando ainda que Rio não tenha aproveitado a conferência de imprensa para começar com a oposição a António Costa.

Também esta terça-feira,  candidato à liderança do PSD Paulo Rangel afirmou que caso vença as diretas, vai a eleições legislativas para ganhar e não para “sustentar governos socialistas”, privilegiando entendimentos com a direita.

Paulo Rangel falava aos jornalistas à entrada para um almoço com militantes sociais-democratas no concelho de Santana, no norte da Madeira. Interrogado se está disponível para entendimentos com o PS, caso seja eleito líder do PSD e primeiro-ministro, Rangel vincou que vai “a eleições para as ganhar”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Eu, sendo eleito líder do PSD, irei a eleições para as ganhar. Não irei para fazer entendimentos para sustentar governos do Partido Socialista”, reforçou, acrescentando que o voto no PS é “inútil porque agora não tem a geringonça e não vai ser capaz de refazer um acordo à esquerda”.

“E, por outro lado, é também um voto injusto. Porque se nós estamos na situação de impasse que se vive hoje em Portugal isso deve-se ao Partido Socialista“, considerou.

No entanto, caso seja candidato a primeiro-ministro e não consiga a maioria absoluta, Paulo Rangel admitiu negociar com a direita. “Se esta não for possível [maioria absoluta], há os partidos a começar pelo CDS-PP, pela Iniciativa Liberal, que são partidos com quem nós temos muito boas relações e com quem podemos fazer um entendimento que pode levar à maioria absoluta”, afirmou.

Questionado, igualmente, sobre uma coligação com o CDS-PP às legislativas antecipadas, marcadas para 30 de janeiro, Rangel insistiu que irá propor que “o PSD vá sozinho às eleições legislativas de 2022”.

Já sobre a elaboração das listas, disse não querer responder a questões internas, mas notou que “é evidente que o novo líder, que é o candidato a primeiro-ministro, é a pessoa que será responsável pela feitura”. O eurodeputado e candidato à liderança do PSD fez ainda um balanço positivo da visita à Madeira, no âmbito da campanha para as eleições internas do partido, que começou na segunda-feira e termina hoje à tarde.

Paulo Rangel observou que as pessoas estão mais interessadas no futuro do país do que nas guerras partidárias, reiterando que “a grande preocupação neste momento é saber que projeto é que o PSD tem para Portugal”.

“Chegou a altura de vir alguém dizer com toda a clareza. É preciso reformar Portugal, é preciso criar riqueza. Não tenhamos medo das palavras, nós só podemos combater a pobreza, nos só podemos distribuir alguma riqueza se a criarmos”, realçou o candidato à liderança dos sociais-democratas, cujas internas se realizam a 27 de novembro.