O presidente do Boavista, da I Liga de futebol, enalteceu esta quarta-feira a aprovação pelo parlamento, em sessão plenária, do projeto de lei da Iniciativa Liberal para revogar o cartão do adepto, quase três meses após a implementação efetiva.

“Defendi desde a primeira hora — e fui o primeiro a fazê-lo publicamente — que esta lei era absurda e ineficaz. O tempo deu-me razão. Apenas alguns, por teimosia, viram o que ninguém conseguia ver. A fraca adesão ao cartão do adepto era previsível e esta lei só provocou o afastamento dos adeptos dos estádios e bancadas vazias”, observou Vítor Murta, numa mensagem publicada no sítio oficial dos ‘axadrezados’ na Internet.

Com 202 deputados inscritos, a votação teve a abstenção de PSD e PS, à exceção dos socialistas Pedro Bacelar de Vasconcelos, Isabel Moreira, Rosário Gamboa, Tiago Barbosa Ribeiro, André Pinotes Batista, Joana Lima, Carlos Braz e Constança Urbano de Sousa, que votaram a favor, como os restantes partidos com assento parlamentar.

Proposta para pôr fim ao Cartão do Adepto aprovada na Assembleia da República

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Por seu turno, as propostas de lei lançadas pelo Partido Comunista Português (PCP) e pelo Chega, que visavam a mesma revogação do cartão do adepto, foram rejeitadas.

“Congratulo-me com esta decisão, que peca apenas por tardia. É um dia histórico para o futebol, para todos, mas, sobretudo, para os adeptos, em especial os boavisteiros”, concluiu o líder máximo do Boavista, um dos principais contestatários sobre a adoção do cartão no acesso a determinados setores nos estádios dos clubes da I Liga de futebol.

O cartão do adepto foi, efetivamente, implementado nesta temporada, depois de a interdição de público nos recintos desportivos, devido à pandemia de Covid-19, ter adiado a aplicação da portaria, publicada a 26 de junho de 2020.

Este documento, que tem custo de 20 euros e validade de três anos, visa identificar os adeptos que pretendam ocupar as zonas dos estádios habitualmente ocupadas pelas claques dos clubes.

Para a sua obtenção são requeridos nome completo, morada, documento de identificação, número do documento de identificação, data de nascimento, número de identificação fiscal, endereço de correio eletrónico, número de telefone e promotores de espetáculos desportivos que apoia.

Em causa estava, ainda de acordo com a legislação, “controlar e promover as boas práticas de segurança e o combate ao racismo, xenofobia e intolerância nos eventos desportivos”.

De acordo com o portal dedicado ao documento, foram emitidos até hoje 2.949 cartões do adepto e registados 111 promotores de eventos.

Após a votação de hoje, na generalidade, o assunto terá de ser votado na especialidade e em votação final global.