O chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, disse esta quinta-feira que o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que na véspera indicou poder concorrer à Presidência do Brasil em 2022, não sabe o que é ser Presidente nem ministro.

“Não aprendeu nada, não aprendeu nada. Um ano e quatro meses ali [no Governo], não sabe o que é ser Presidente nem ser ministro”, afirmou Bolsonaro para apoiantes em Brasília, um dia após Moro se filiar no partido Podemos, num evento em que foi apresentado e discursou como presidenciável, embora não tenha confirmado que lançará a candidatura.

Ex-ministro Sergio Moro filia-se ao partido Podemos e é apresentado como o “próximo Presidente da República”

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Vocês gostaram do discurso lido pelo cara [Sergio Moro] ontem? Eu assisti porque foi meu ministro, né. Leu o discurso, com dois teleponto lá”, acrescentou o Presidente brasileiro.

Moro, que ficou conhecido pela sua atuação como juiz na operação Lava Jato, sempre disse que não entraria na política.

O ex-juiz condenou Lula da Silva em primeira instância em julho de 2017 num processo sobre a posse de um apartamento de luxo no litoral de São Paulo, que levou o ex-presidente a cumprir 18 meses de prisão, de abril de 2018 a novembro de 2019.

Embora tenha negado intenção de ocupar um cargo político, Moro aceitou ser ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro na sequência das eleições, ainda em 2018.

Atualmente, Moro é apontado como candidato à Presidência do Brasil da chamada terceira via, grupo formado por candidatos que se autodeclaram de “centro”, e poderá disputar o cargo mais importante do executivo num pleito contra Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula da Silva, os dois primeiros posicionados nas sondagens.

“Se for preciso liderar esse projeto, meu nome estará sempre à disposição do povo brasileiro”, disse Moro durante a cerimónia em que se filiou no Podemos.

“Não vou fugir desta luta, mas sei que vai ser difícil”, acrescentou o ex-juiz que tentou ganhar a simpatia de eleitores conservadores no evento que lembrou a campanha presidencial de Bolsonaro em 2018.

Moro renunciou ao Ministério da Justiça em abril de 2020 numa conferência de imprensa em que denunciou uma alegada interferência do chefe de Estado na Polícia Federal. A sua saída ruidosa do Governo fez com que se tornasse rival político de Bolsonaro principalmente na disputa por eleitores conservadores.

Em abril de 2021, o Supremo Tribunal Federal manteve uma decisão que classificou Moro como parcial no julgamento de corrupção que levou Lula da Silva à prisão, facto que restituiu os direitos políticos do ex-presidente, que atualmente lidera as sondagens sobre as presidenciais brasileiras em 2022.

Se não conseguir apoio suficiente para uma candidatura presidencial, Moro poderá concorrer ao Senado.