A Comissão Europeia afasta que eventuais novas restrições para conter a Covid-19, como confinamentos, tenham “consequências económicas comparáveis” às anteriores na zona euro, reconhecendo porém baixas taxas de vacinação em alguns países e o aumento acentuado dos contágios.

“Mesmo com algumas medidas de restrição, não teremos consequências económicas comparáveis àquelas a que assistimos no último período [de outono e inverno]”, afirmou o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, em entrevista à Lusa e outros meios europeus, em Bruxelas.

Falando no dia em que a Comissão Europeia divulgou previsões económicas que apontam para uma recuperação mais rápida do que o esperado da economia comunitária, com um crescimento de 5% este ano na zona euro e União Europeia, embora alertando para “riscos muito elevados”, Paolo Gentiloni disse estar “absolutamente convencido” de que, mesmo que sejam readotadas algumas restrições, surgem num “ambiente diferente com muitas pessoas vacinadas”.

Lembro-me muito bem de outubro de 2020, quando, após uma ilusão durante o verão, voltámos ao confinamento, mas na altura não tínhamos vacinas. Agora temos vacinas e, mesmo com algumas restrições, não teremos mais consequências económicas destas restrições comparáveis às que tivemos”, reforçou o comissário europeu da tutela.

Ainda assim, “nunca se deve subestimar uma pandemia porque pode mudar, nomeadamente devido às variantes, mas também porque temos diferentes níveis de vacinação na UE”, acrescentou, numa altura em que países como Alemanha, Letónia e Bélgica voltam a impor medidas como confinamentos temporários ou obrigação de teletrabalho.

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Além disso, “temos alguns Estados-membros que têm menos de metade da população adulta vacinada e nestes países, os riscos são mais elevados”, admitiu Paolo Gentiloni.

Dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) revelam que 75,9% da população adulta da União Europeia está totalmente vacinada, mas estas percentagens, por país, variam entre os 27,2% e os 92,4%, sendo a Bulgária e a Roménia os que registam níveis mais baixos.

Sabemos que, desde meados de outubro, estamos novamente a aumentar o número de contágios e que estes estão de voltar a níveis que não víamos desde a primavera” e, por isso, “é claro que precisamos de aumentar o nível de vacinação a nível global e nos Estados-membros da UE que estão bem abaixo da média de 75% da nossa população vacinada”, vincou Paolo Gentiloni.

“Mas não arriscamos as mesmas consequências económicas que tivemos no ano passado”, insistiu.

Nas previsões esta quinta-feira divulgadas, o executivo comunitário antecipa que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 5% em 2021 e 4,3% em 2022 tanto no espaço da moeda única como no conjunto dos 27 Estados-membros, o que representa uma ligeira revisão em alta para este ano e em baixa para o próximo face às anteriores previsões de verão, quando antecipava, em julho, crescimentos de 4,8% este ano e 4,5% no próximo.

Nestas previsões num horizonte de dois anos, Bruxelas antecipa para 2023 um crescimento da economia na ordem dos 2,4% na área do euro e de 2,5% no conjunto da União.

Contudo, adverte Bruxelas, “a incerteza e os riscos em torno das previsões de crescimento permanecem muito elevados”, e estas projeções “dependem fortemente de dois fatores, a evolução da pandemia da Covid-19 e o ritmo a que a oferta se ajustará à rápida retoma da procura na sequência da reabertura da economia”.