O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, fez quarta-feira um apelo ao voto na CDU e vincou que, “ao contrário do que alguns dizem”, a “unidade e luta” são o caminho para um país mais desenvolvido.

“Aqui reafirmamos o legado de Álvaro Cunhal. Aqui reafirmamos o compromisso de sempre do PCP, com interesses da classe dos trabalhadores. Aqui reafirmamos o apelo à sua organização, unidade e luta. Como está comprovado esse é o caminho para defender e conquistar direitos, esse é o caminho do desenvolvimento do país. Há quem queira contrapor a luta, o protesto, a indignação às soluções do país. Nada mais errado”, afirmou na quarta-feira à noite.

Jerónimo de Sousa falava na Covilhã, distrito de Castelo Branco, durante uma sessão de evocação pública sobre “Álvaro Cunhal e a luta dos trabalhadores”, organizada pela direção da Organização Regional de Castelo Branco do PCP, no âmbito do 108.º aniversário do nascimento de Álvaro Cunhal.

Durante a intervenção frisou, por várias vezes, que a luta é o caminho a seguir.

“A luta, a indignação e o protesto são fatores determinantes para a defesa e avanços de direitos e condições de vida, para abrir caminho às soluções. A luta é uma forma essencial de construir o futuro, de construir um país mais desenvolvido, uma sociedade mais justa”, apontou.

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Recordando o exemplo e percurso de Álvaro Cunhal, Jerónimo de Sousa vincou que o “papel das massas não pode ser perdido de vista”, tal como o histórico comunista sempre chamou a atenção,

“Lutar, lutar sempre e nas mais diversas circunstâncias, um elemento de 100 anos de luta no PCP que esteve bem presente nos últimos tempos e se coloca no presente e na ação futura”.

Sublinhando que a luta também se exprime na hora de votar, deixou o apelo ao voto na CDU, nas eleições de 30 de janeiro para a Assembleia da República para “dar mais força a quem defende, realmente e em todas as circunstâncias, os interesses dos trabalhadores e do povo, a quem assume soluções e o projeto que o país precisa, dos valores de Abril, de um Portugal com futuro”.

O secretário-geral do PCP também não esqueceu as críticas à direita e deixou uma farpa ao PS: “O PCP recusa e combate a opção do PSD, do CDS e dos seus sucedâneos a que o PS se encosta, que quer agravar a exploração, degradar os direitos, cortar ou puxar os salários para baixo, acentuar a pobreza, as desigualdades e injustiças”.

Em contrapartida, apontou o exemplo de “vida, luta, e obra” de Álvaro Cunhal, que continua a ser “fonte de otimismo e confiança”, bem como um incentivo para quem luta.

Reiterou, ainda, que “é possível assegurar um projeto de desenvolvimento ao serviço do país e do povo”.

“Era ele, Álvaro Cunhal, que nos dizia que quando se luta nem sempre se ganha, mas quando não se luta perde-se sempre. Continuemos a nossa luta”, disse.

Uma luta que, garantiu, manterá à revindicação já colocadas em cima da mesa em nome dos trabalhadores, nomeadamente pelo aumento do salário mínimo nacional para 755 euros já em 2022, pela revogação da caducidade da contratação coletiva e pela redução do horário de trabalho para as 35 horas.

O Presidente da República convocou eleições legislativas antecipadas para 30 janeiro de 2022 na sequência do “chumbo” do Orçamento do Estado do próximo ano, no parlamento, a 27 de outubro.

O Orçamento teve apenas o voto favorável do PS e os votos contra das bancadas do PCP, BE e PEV, além dos deputados da direita, PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega. O PAN e as duas deputadas não inscritas abstiveram-se.

A perda do apoio parlamentar no Orçamento do Estado de 2022 foi um dos motivos invocados por Marcelo Rebelo de Sousa para justificar a dissolução do parlamento e a antecipação das eleições.