O risco que mais preocupa as empresas portuguesas é uma desaceleração da economia, além do risco de novas vagas pandémicas, revela uma análise que a Aon divulga esta quinta-feira. Um terceiro risco está associado à escassez de matérias-primas, um top 3 que contrasta com os riscos que são mais destacadas pelas empresas a nível global – aí, o risco de ataques cibernéticos é o que mais preocupa.

As empresas portuguesas que participaram no estudo Global Risk Management Survey indicaram, segundo as conclusões partilhadas com o Observador, que o risco que mais lhes tira o sono é uma recuperação económica mais lenta do que tem vindo a ser previsto – sendo esta uma consequência direta do segundo maior risco deste ranking: o risco pandémico e o perigo de haver novas crise sanitárias que obriguem a medidas restritivas.

“Estas conclusões poderão justificar-se pela significativa volatilidade e incerteza em relação à forma como as economias irão reagir ao cenário pós-pandemia“, refere Carlos Freire, presidente-executivo da Aon Portugal, empresa que faz parte da multinacional britânica que vende produtos de mitigação de risco às empresas. O responsável acrescenta que, à luz dos riscos referidos no estudo, é “imperativo cada empresa desenvolver e implementar uma estratégia de gestão de risco capaz de reduzir o impacto que os riscos originados ou escalados pela pandemia podem trazer ao seu negócio”.

Depois do terceiro maior risco, a escassez de matérias-primas, as empresas receiam que esse ou outros fatores possam levar a uma interrupção do negócio. Em quinto lugar no ranking de riscos está o aumento da concorrência. Só no sexto lugar é que surge, entre as empresas portuguesas, o risco que a nível global está no topo das preocupações: os ataques cibernéticos e o risco de data breach, ou seja, violação dos seus dados ou processos informáticos.

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Esse é um perigo que na edição anterior deste estudo, no ano passado, estava apenas em 6.º lugar no ranking dos maiores riscos, a nível global. Na leitura da Aon, esta maior perceção de risco cibernético estará ligada ao “papel primordial que a tecnologia desempenhou durante a pandemia, como pela aceleração da transformação digital das empresas, que originaram um acentuar dos ataques cibernéticos e episódios de violação de dados em todo o mundo – com os setores financeiro, segurador, tecnológico, de serviços profissionais, de telecomunicações, media e entretenimento sido os mais lesados nesta área”.

Atrás do risco cibernético, o Global Risk Management Survey deste ano destaca ainda no top 3 dos principais riscos para as empresas globais os riscos de interrupção do negócio e a desaceleração ou lenta recuperação da economia. Ao mesmo tempo, e como consequência da pandemia, o risco no mercado de commodities e a escassez de matérias-primas registou a sua classificação mais alta de sempre, alcançando a 4ª posição.

A Aon nota, porém, que os resultados do estudo parecem revelar que os riscos ambientais, desastres naturais e alterações climáticas estão a ser subvalorizados pelas empresas. A edição deste ano reuniu mais de 2.300 inquiridos em 60 países e 16 setores de atividade para identificar os principais riscos e desafios que os gestores enfrentam nas suas organizações.