Os trabalhadores da Transtejo cumprem esta sexta-feira o quinto e último dia de greve parcial, de três horas por turno, que abrange todas as categorias profissionais, por considerarem que as suas reivindicações têm sido ignoradas pela empresa e pelo Governo.

De acordo com a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (FECTRANS), os trabalhadores “voltam à luta porque durante quase um ano a administração/Governo ignoraram as reivindicações dos trabalhadores e as soluções que lhes foram apresentadas”.

Relativamente ao modelo da greve parcial, o sindicalista da FECTRANS Paulo Lopes explicou que o primeiro dia, na segunda-feira, foi dirigido aos mestres, o segundo dia aos maquinistas, o terceiro dia ao pessoal comercial e administrativo, o quarto dia aos marinheiros e manutenção e no quinto e último dia, esta sexta-feira, “todos os trabalhadores da Transtejo estão em greve”.

As reivindicações dos trabalhadores são relativas a este ano, e “podem ser suportadas pelos orçamentos da empresa e do Estado”, pelo que a situação entretanto criada pelo chumbo da proposta orçamental e marcação de eleições legislativas “não inviabiliza situações, basta haver vontade do Governo”, referiu o sindicato.

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“Uma coisa é certa: dia 12 será uma grande greve da Administração Pública“, afirmou o dirigente sindical no final de uma ronda negocial com uma equipa do Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública, em Lisboa.

A Federação dos Sindicatos da Administração Pública (FESAP) tinha marcado uma greve igualmente para esta sexta-feira contra a desvalorização dos salários e carreiras da administração pública, mas desmarcou-a na semana passada face ao cenário de dissolução da Assembleia da República, por entender que “a mobilização dos trabalhadores deve ser aproveitada para um momento mais adequado”, nomeadamente para a discussão do futuro OE, caso não seja melhor do que aquele que foi chumbado.

Os trabalhadores da Transtejo, juntamente com os da Soflusa, fizeram várias greves parciais durante este ano, a última das quais em 21 de setembro, devido a falhas nas negociações salariais entre a administração da empresa e os sindicatos, tendo o Ministério do Ambiente reunido igualmente com os sindicatos na tentativa de desbloquear a situação.

No site da empresa, a Transtejo avança que “não é possível garantir o serviço regular de transporte fluvial” durante a realização da greve, sendo que os terminais e estações vão estar encerrados durante os mesmos períodos “por motivos de segurança”.

O detalhe sobre os horários previstos pode ser consultado no ‘site’ da empresa Transtejo/Soflusa em https://ttsl.pt/avisos/.

A Transtejo assegura as ligações fluviais entre o Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, e Lisboa, enquanto a Soflusa é responsável por ligar o Barreiro à capital.

Frente Comum acusa algumas instuições do Estado de desinformação sobre greve

O coordenador da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, Sebastião Santana, acusou algumas instituições do Estado de estarem a patrocinar uma “campanha de desinformação”, dizendo que os trabalhadores não poderiam aderir à greve da função pública.

Falando junto à Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos (SIMAR), em Loures, na noite de quinta-feira, Sebastião Santana perspetivou “uma grande perturbação dos serviços públicos”.

“[…] É um dia em que os trabalhadores da administração pública vão, com certeza, mostra o seu descontentamento, apesar da — e vou ter de sublinhar isto — campanha de desinformação patrocinada por algumas instituições do Estado, a dizer que hoje os trabalhadores não poderiam fazer greve, a prova é que podem […]. Já estão a fazer e greve ainda agora começou”, salientou.

De acordo com o coordenador da Frente Comum, a greve da função pública é um “reflexo” daquilo que têm sido os problemas nos vários setores do Estado, acusando o Governo de insistir “em não dar resposta”.

“Há medidas que Governo pode e deve resolver já e opta por não o fazer. O verbo é este, é o verbo optar. Não é uma questão de impossibilidade, é uma questão de falta de vontade política para resolver os problemas”, sustentou.

No entanto, Sebastião Santana recordou que, durante o dia de sexta-feira, serão cumpridos serviços mínimos em alguns setores, nomeadamente no da saúde.

“Os serviços mínimos são todos os que não ponham em causa os direitos essenciais às populações. Nunca nos passaria pela cabeça convocar uma greve sem assegurar que os hospitais vão lá estar para prestar os serviços adequados às populações”, observou.

Já a secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, considerou ser importante haver “alteração de rumos do Governo do Partido Socialista”, acusando-o de ser submisso à União Europeia (UE).

“Temos políticas do Governo de submissão à União Europeia, de estar mais preocupado em baixar o défice, do que em resolver de facto os problemas dos trabalhadores e do desenvolvimento do país. Sem o aumento geral dos salários, sem o aumento significativo dos salários, nós não vamos ter desenvolvimento na nossa economia”, alertou.

Segundo Isabel Camarinha, o aumento do poder de compra dos trabalhadores, além de “criar condições de vida dignas, tem também um efeito no desenvolvimento económico” que é fundamental para alterar a situação de “baixos salários e precariedade” em Portugal.

“O Governo tinha feito duas reuniões de negociação, porque era obrigatório. Agora, fez uma reunião para vir dizer o que já tinha dito anteriormente, que tem intenções de fazer uma atualização de 0,9% nos salários dos trabalhadores da administração pública, o que é manifestamente irrisório, não tem reflexo nos salários da esmagadora maioria dos trabalhadores”, apontou.

A Frente Comum (CGTP) reivindica aumentos de 90 euros para todos os trabalhadores e um salário mínimo de 850 euros na administração pública, mas o Governo vai fazer uma atualização salarial de 0,9%.

Na quarta-feira realizou-se uma nova ronda negocial com a equipa do Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública, mas o Governo não alterou a sua proposta, estando agendada nova reunião para a próxima semana.

Em 2021, houve aumentos de 20 euros na remuneração base da função pública, para os 665 euros, de modo a ficar igual ao salário mínimo nacional, e em 10 euros para os salários que se situavam entre os 665 e os 791,91 euros.

Nos últimos 12 anos, apenas em 2020 houve aumentos para todos os trabalhadores da Administração Pública, de 0,3%, em linha com a inflação.

A greve da função pública, marcada para esta sexta-feira pela Frente Comum, começou já na noite de quinta-feira nos hospitais e nos serviços de recolha de lixo, onde os turnos se iniciaram às 23h00 e às 22h00, respetivamente.

Por isso, o coordenador da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, Sebastião Santana, e a secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, estiveram, no início dos turnos, junto aos trabalhadores dos serviços de recolha de lixo de Loures e junto ao pessoal do hospital de S.José, em Lisboa.

A Câmara Municipal de Lisboa anunciou que o sistema de recolha de lixo na cidade poderá sofrer perturbações esta sexta-feira devido à greve e apelou a que “não se abandone o lixo na rua”.

A Federação dos Sindicatos da Administração Pública (UGT) também tinha marcado uma greve para sexta-feira contra a desvalorização dos salários e carreiras da Administração Pública, mas desmarcou-a na semana passada, face ao cenário de dissolução da Assembleia da República, por entender que “a mobilização dos trabalhadores deve ser aproveitada para um momento mais adequado”, nomeadamente para a discussão do futuro Orçamento do Estado para 2022, caso não seja melhor do que aquele que foi chumbado.