O vice-presidente do Conselho Geral da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, Óscar Gaspar, considerou esta segunda-feira que todos estão de acordo quanto à necessidade “de haver aumento de salários”, apontando os “custos da contratação” como principal obstáculo.

O responsável, que falou durante a apresentação da 18.ª edição do estudo “Sinais Vitais”, que tem auscultado as empresas sobre vários assuntos, recordou que esta terça-feira haverá Concertação Social e que na reunião será abordada a questão do salário mínimo, incluindo as posições dos patrões.

O problema do salário mínimo, em bom rigor, não se coloca. O que se coloca para as empresas são os custos da contratação”, salientou.

“O que a CIP tem dito ao longo do tempo é que os custos de contexto são muito elevados para as empresas”, garantiu, salientando que “se fossem só os salários não havia problemas”.

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“Penso que estamos todos de acordo que deve haver um aumento de salários, queremos ser competitivos pelo nosso trabalho”, indicou Óscar Gaspar.

“Dito isto, temos de criar as condições para haver um aumento de salários, mas esses salários serem sustentáveis”, rematou o líder associativo.

Questionado ainda sobre a possibilidade do regresso ao teletrabalho, caso a pandemia se agrave, Óscar Gaspar recomendou cautela na altura de tomar decisões.

“Esperemos que haja dados objetivos e que as medidas sejam proporcionais e efetivas”, salientou, garantindo que Portugal “parte de uma situação favorável face há um ano”, tendo em conta o “nível de vacinação muito elevado”.

“Já em outros momentos de confinamento alertamos para que houvesse uma fundamentação profunda das medidas. Penso que é claro que os locais de trabalho não foram ambiente de propagação da pandemia”, garantiu, apelando para que “não se tomem medidas que sejam mais penalizadoras”.

Óscar Gaspar defendeu ainda que as Confederações devem participar no debate sobre a aplicação dos fundos europeus, tendo em conta que, com o atraso na aprovação do Orçamento, devido às eleições, há mais tempo em que “poderá haver mais discussão”.

Assim, avisou que o papel dos privados deve ser maior na participação dos fundos comunitários.

“A determinada altura passou aqui uma ideia de que, no caso do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] até se pode compreender que seja mais do setor público, mas o PT2030 deve ser mais para as empresas. Não concordamos que o PRR seja um monopólio do público”, disse, apelando para que “seja aberto a todas as entidades”.