O presidente do Governo Regional da Madeira afirmou esta terça-feira que a estratégia para o mar tem de ser assumida em parceria com as entidades ligadas ao setor, lamentando que a nível nacional esta não seja uma prioridade.

“Acho que é decisivo e fundamental nós percebermos que a estratégia do mar tem de ser assumida e seguida em parceria, como nós estamos a fazer aqui na Madeira”, salientou Miguel Albuquerque, intervindo na sessão de abertura do primeiro Encontro do Mar, a decorrer esta terça e quarta-feira no Funchal.

O chefe do executivo regional sublinhou a necessidade de trabalhar em conjunto com as empresas, com a área da investigação, com os institutos públicos e privados, com as instituições militares e com as instituições políticas para atingir o objetivo comum de valorizar o mar.

“É um dos nossos recursos fundamentais, com grande potencial para assegurar a nossa estabilidade e a nossa riqueza futura”, defendeu.

Miguel Albuquerque indicou também que as áreas de reserva natural da Madeira deverão ser aumentadas em “breve”, sem detalhar.

Por outro lado, o presidente do Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP, notou que com a aprovação do processo de extensão da plataforma continental, a decorrer nas Nações Unidas, o país “vai possuir quatro milhões e cem mil quilómetros quadrados de plataforma continental”, ficando “entre os seis primeiros do mundo em área marítima”.

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“Isso significa que Portugal tem de adotar, de uma vez por todas, prioridade estratégica para o mar. Discute-se muito esta questão, mas esta questão não está nas prioridades da ação política nacional”, afirmou.

O chefe do executivo insular garantiu, porém, que “na Madeira a política do mar está no topo das prioridades políticas”. “É decisivo e fundamental, nos próximos anos, apoiarmos investigadores, fundações, cientistas, institutos, universidades, startups, […] empresas que comercializem produtos do mar”, reforçou o governante.

Miguel Albuquerque vincou, igualmente, que “esses produtos do mar vão ser decisivos” para um conjunto de indústrias, entre as quais a farmacêutica, alimentar, cosmética e de prospeção de metais raros. “Para além disso, temos de pensar que o mar tem um potencial fantástico para a indústria química e para a medicina preventiva e regenerativa”, acrescentou.

O presidente do Governo Regional apontou também que o país tem condições para crescer na indústria da aquacultura, “uma das indústrias que registou maior crescimento mundial nos últimos 20 anos”.

Referindo, por outro lado, que “90% do comércio externo da Europa é feito por via marítima“, Miguel Albuquerque defendeu que o país “deve assumir através da requalificação dos seus portos uma aposta decisiva na indústria naval”, designadamente no que toca às novas tecnologias, como computadores, sensores e outros materiais.

“Porque nós podemos, com a nossa posição geográfica, ter um hub de ligação de interligação entre a Europa e o Canal do Panamá, entre a Europa e o oriente e entre a Europa e África. Isso implica uma aposta estratégica na requalificação e na logística de todos os nossos portos”, realçou.

Presente na sessão de abertura do Encontro do Mar – um mar de oportunidades, o reitor da Universidade da Madeira, Sílvio Fernandes, destacou a necessidade de colocar na “ordem do dia a importância do mar e das suas atividades”, bem como de fundar “um ecossistema de investigação” em torno da área.