Ainda não está decidido o campeão do mundo de Fórmula 1 deste ano – Hamilton e Verstappen ainda estão curva a curva pelo título – e já foi feita história para 2022. É que a Alfa Romeo anunciou que o segundo piloto da construtora italiana vai ser Guanyu Zhou, que se vai tornar assim o primeiro chinês (a full time) a competir no grande circo do desporto automóvel.  Aos 22 anos, o jovem piloto que ainda está na disputa do título de Fórmula 2, estando atualmente em segundo do mundial, promete trazer novidades para a F1 e, ao que tudo indica, algum dinheiro e investimento para a sua nova equipa, com esta abertura da Alfa Romeo ao gigante mercado da super potência asiática.

Zhou fez parte da academia de pilotos ligada à Ferrari entre 2014 e 2018, juntando-se depois, em 2019, aos quadros da Renault. Dentro da marca francesa, tem sido nos dois últimos anos o piloto de testes da Alpine do ídolo Fernando Alonso, pelo que um monolugar de topo não lhe é nada estranho. Entre o chinês e os carros de F1 está ainda, no entanto, Oscas Piastri (vai ser agora ele piloto de testes na Alpine), o líder do Campeonato mundial de F2, e um possível título mundial.

Para o piloto de 22 anos, este é um concretizar de um sonho que tinha “desde pequeno”, o de chegar “o mais longe possível” num desporto pelo qual tem uma grande “paixão”. “O meu sonho tornou-se realidade. É um privilégio começar a minha carreira na Fórmula 1 numa equipa tão icónica e que introduziu tanto jovem talento na F1 no passado. O sonho é uma realidade”, disse Zhou ao site oficial da F1, dizendo-se ainda “preparado para o imenso desafio” que é a modalidade. “É o pináculo do meu desporto e vou estar ao lado do provado Valtteri Bottas, piloto de classe mundial. Quero agradecer à Alfa Romeo por esta oportunidade e o próximo objetivo é aprender o máximo que conseguir o mais rapidamente possível”, frisou.

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“Ser o primeiro piloto chinês na Fórmula 1 é um avanço para a história dos desportos motorizados chineses. Sei que estão muitas esperanças depositadas em mim e eu, como sempre, vou usar isso com motivação para ser melhor e conseguir mais”, acrescentou Guanyu Zhou, que aproveita assim a saída do piloto Antonio Giovinazzi para conseguir um lugar na equipa. Isto partindo do princípio que será uma espécie de segundo piloto para Bottas, que é um substituto natural de Kimi Räikkönen, que deixa a modalidade no final deste ano.

Também ao site da F1, Fred Vasseur, responsável da Alfa Romeo, que não revelou grandes detalhes do contrato ou a sua duração, disse ser um “prazer receber Guanyu Zhou na Alfa Romeo Racing”. “É um piloto muito talentoso como mostram os seus resultados na F2. Estamos ansiosos por ajudar o seu talento a crescer e a mostrar-se ainda mais na Fórmula 1. Estamos orgulhosos da nossa equipa para 2022 e confiantes de que Zhou irá ter uma parceria de sucesso com Valtteri [Bottas]. Estamos também muito expectantes pelos fãs chineses que se juntarão à nossa equipa. A Alfa Romeo Racing é uma marca histórica que incorpora o espírito da Fórmula 1 e vamos fazer o nosso melhor para fazer do nosso desporto uma grande experiência na China”, acrescentou.

Apesar de Vasseur dizer que a equipa está “focada a 200% na performance”, este admite que a “equipa não esconde o facto de o orçamento ser parte” desse mesmo desempenho. Isso porque o piloto chinês deverá significar um investimento de cerca de 30 milhões de dólares na marca (26,4 milhões de euros), segundo a ESPN e a Reuters. Com isto, o responsável frisou ainda que a “equipa vai tentar funcionar perto do cost cap”, ou seja, o limite de orçamento que uma equipa de F1 pode ter e usar, que se situa nos 145 milhões de dólares (127,6 milhões de euros). “É um importante passo para nós”, garante Fred Vasseur, que vê a sua equipa trabalhar muito abaixo do limite de orçamento.

Segundo a BBC, Vasseur referiu ainda que “no final de contas”, a Alfa Romeo também quer os “patrocinadores felizes e desenvolver o seu compromisso com o futuro, pelo que o lado financeiro não pode ser descurado”. “Uma equipa a dada altura tem de ficar sustentável. Isto não é só sobre os patrocinadores chineses, é também sobre dar destaque aos nossos parceiros de agora. A F1 é dura hohe em dia. Se não estás nos dois primeiros mais lugares mais a Ferrari, a exposição é muito baixa e isto é melhor que podemos fazer para melhorar esse lugar”, frisou.

“A decisão é crucial para a empresa. Não foi tomada apenas porque ele [Zhou] é chinês, mas será um forte ’empurrão’ para nós, os patrocinadores e acho que para a F1 no geral”, disse o chefe da equipa, destacando ainda que está “muito otimista” em relação ao novo piloto da sua equipa, atualmente nona classificada entre os dez do mundial de construtores.

Quem reagiu à contratação da Alfa Romeo foi ainda o presidente e CEO da F1 Stefano Domenicali, que destacou o facto de a “pirâmide da F2 estar a funcionar e promover talento”. “São notícias fantásticas para a modalidade e para os milhões de fãs chineses apaixonados que agora vão ter um herói para apoiar durante todo o ano. Zhou é um talento incrível e será uma adição fantástica para a grelha fabulosa que temos”, acrescentou.

Assim, estão fechadas as dez duplas de pilotos para a época de 2022.