A Federação de Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA) mostrou-se esta terça-feira preocupada com a atual crise no preço das matérias-primas alimentares, materiais de embalagem e energia, alertando para as consequências “ao longo da cadeia de abastecimento”.

Num comunicado, a FIPA apontou que, além da “pressão inflacionista”, o setor se depara “também com um cenário de disrupção nas cadeias de abastecimento, com enormes constrangimentos ao nível do transporte e da logística internacional”, tendo destacado a escassez de contentores e o aumento dos fretes marítimos em mais de 400%.

A organização acrescentou que esta é uma “conjuntura que não afeta apenas Portugal” e destacou a necessidade de se garantir, a nível europeu, “uma atuação conjunta dos vários Estados-membros com vista à criação de um enquadramento favorável à recuperação económica e, muito particularmente, à preservação dos fatores de competitividade da cadeia de abastecimento agroalimentar”.

No cenário português, a FIPA saudou a “resposta positiva do Governo às preocupações” que têm sido transmitidas pelo setor, em particular com a criação de um grupo de acompanhamento para a atual situação.

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“Numa altura em que a indústria portuguesa agroalimentar procura recuperar de um período atípico do mercado nacional e explorar novas oportunidades de exportação para alavancar resultados positivos, este cenário de aumentos galopantes das matérias-primas e dos diversos fatores de produção é da maior gravidade para a sustentabilidade de muitas empresas”, assinalou o presidente da FIPA, Jorge Tomás Henriques, citado no comunicado.

O presidente da Federação de Indústrias Portuguesas Agroalimentares garantiu que as empresas do setor estão “empenhadas” em garantir a disponibilidade, diversidade e qualidade dos seus produtos.

“É urgente que, à semelhança do que foi feito no início da crise pandémica, os países europeus olhem para esta situação com gravidade e elaborem, em conjunto, um plano de ação para mitigar esta disrupção nas cadeias de abastecimento, as variações nos preços e os constrangimentos ao nível das matérias primas”, concluiu Jorge Tomás Henriques.

O Governo anunciou esta semana a criação de um grupo de trabalho de acompanhamento e avaliação das condições de abastecimento de bens nos setores agroalimentar e do retalho que apresentará até ao fim de novembro um primeiro relatório de avaliação.

O grupo é composto por 15 membros, incluindo representantes da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Associação dos Distribuidores de Produtos Alimentares (ADIPA), Associação Nacional de Armazenistas, Comerciantes e Importadores de Cereais e Oleaginosas (ACICO), Associação Nacional das Transportadoras Portuguesas (ANTP), Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) ou Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA).

O Governo já tinha criado, em março de 2020, um grupo para acompanhar cadeia de abastecimento alimentar, com idênticos objetivos, e que se extinguiu com a apresentação do relatório final.