É a “paciente esperança” na Argentina, também numa homenagem à cidade onde mora, com o mesmo nome. Uma mulher de 30 anos com VIH (vírus da imunodeficiência humana) curou-se da doença sem recurso a medicação.

É a segunda vez desde que há registo que uma pessoa, após contrair o vírus, não apresenta quaisquer indícios de genomas de VIH nas suas células nem nos seus tecidos, de acordo com um estudo publicado esta terça-feira na revista Annals of Internal Medicine.

Em pessoas infetadas, o VIH coloca uma cópia do seu genoma no ADN das células, criando o que se chama de reservatório viral, que produz constantemente novas partículas virais. No caso da paciente de 30 anos, tida como uma “controladora de elite”, a mulher possuía um sistema imunitário capaz de suprimir o vírus sem necessidade de medicação.

Nos organismos destas pessoas (que corresponde apenas a 1% do total de pacientes), existe um tipo de célula imunitária chamada de Célula T, que é capaz de dizimar e manter o vírus controlado sem ser necessária qualquer medicação. Por norma, é a terapia antirretroviral que impede que se produzam novos vírus, não conseguindo, no entanto, manter o reservatório viral controlado.

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Em declarações à estação televisiva NBC, a mulher de 30 anos disse “desfrutar estar saudável“, acrescentando que “não tem de se medicar” e que “vive como não se tivesse passado nada”. “Isso já é um privilégio.”

A médica Xu Yu, que coordenou o estudo na revista Annals of Internal Medicine, considera ser um “milagre” que o “sistema imunitário” da mulher tenha conseguido eliminar resquícios do vírus do organismo. O importante agora é perceber os mecanismos que estão por detrás deste processo, de modo a tentar compreender se poderá ajudar outros pacientes.

Timothy Ray Brown, o primeiro doente que se curou do VIH, morreu na Califórnia em 2020, aos 54 anos, vítima de uma leucemia mieloide aguda.

Primeiro curado de VIH morre de leucemia