A farmacêutica de Vila Verde (Braga) acusada de obter 120 mil euros em comparticipações indevidas de medicamentos acabou condenada no tribunal de Matosinhos apenas a multa de 49.500 euros por falsidade informática, disse esta quarta-feira fonte envolvida no processo.

A fonte explicou que o procedimento criminal por um segundo crime, o de burla, foi declarado extinto porque a arguida ressarciu o Serviço Nacional de Saúde (SNS) antes do julgamento.

O tribunal decidiu ainda absolver a farmacêutica da alegada prática de um crime de corrupção.

Uma médica coarguida no processo foi ilibada.

Durante o julgamento, a farmacêutica admitiu que obteve comparticipações indevidas de receitas falsas, alegando que o fez para compensar a devolução “injusta” de receitas genuínas.

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“O objetivo era não prejudicar o Estado, nem a farmácia. Foi para compensar receitas injustamente devolvidas [sem comparticipação] pelo SNS”, afirmou a arguida, no início do seu julgamento, assegurando que hoje não o faria.

O processo reporta-se ao pagamento indevido de 120 mil euros de receituário de 2011 a 2015 e, em tribunal, a farmacêutica quantificou os prejuízos sofridos naquele período, com a devolução de receitas sem comparticipação, num valor entre 40 mil e 45 mil euros.

Na sua versão, receituário no valor de cerca de oito mil euros foi-lhe cedido por uma pessoa ligada a um laboratório e a um lar de idosos, sendo a restante comparticipação ilegítima obtida através da entrega para comparticipação da totalidade de receitas que só tinham sido aviadas parcialmente.

A farmacêutica, que tem o seu estabelecimento em Prado, Vila Verde (distrito de Braga), disse nada ter articulado com uma médica coarguida no processo, afirmando mesmo que não a conhecia.

A investigação e a acusação de comparticipações indevidas de medicamentos incluíram factos associados a outra farmácia do distrito de Braga — esta na Póvoa de Lanhoso —, uma segunda farmacêutica e cinco médicos outros médicos.

Este outro processo culminou em dezembro, no tribunal de São João Novo, no Porto, com condenações dos arguidos até seis anos e meio de prisão.

Nessas receitas médicas, prescreviam invariavelmente medicamentos com custo de aquisição dispendioso e com elevada taxa de comparticipação do SNS [até 90%]”, frisava a acusação.

Nos dois casos, o SNS terá sido lesado em mais de 1,3 milhões de euros, segundo cálculos do Ministério Público divulgados através da Procuradoria regional em outubro de 2016.