Depois de na terça-feira ter recusado responder às perguntas do Observador, argumentando que “todos os esclarecimentos” já tinham sido prestados, Inês Sousa Real esteve na manhã desta quarta-feira na TVI a falar sobre o caso que envolve as empresas de que faz parte. Confrontada com as acusações da Confederação de Agricultores de Portugal, Sousa Real considerou que a “CAP devia estar preocupada em juntar-se ao PAN”. Sobre as empresas, diz Sousa Real que nunca recebeu “qualquer valor por parte das mesmas”.

As empresas, o tipo de agricultura e as dúvidas. Seis questões sobre os negócios da líder do PAN

Sousa Real voltou a afirmar que a cessão de quotas na Berry Dream já teve lugar e repetiu que “está em processo” de cessão de quotas na Red Field com o objetivo de se “dedicar em exclusividade”.

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“A partir do momento em que assumi o desafio como deputada na Assembleia da República não tenho tempo para acompanhar as empresas da forma como desejaria, mesmo não sendo sócia-gerente nem nunca tendo recebido qualquer valor por parte das mesmas. Neste momento não é exequível, deixei a participação nas empresas e estou neste momento a cessar também a participação na Red Fields para que não esteja relacionada com as empresas e para que me possa dedicar em exclusividade”, afirmou a líder do PAN.

Já sobre as críticas da CAP, Sousa Real diz que “diabolizar quem tem boas práticas é oportunismo, ataque gratuito e injustificável”. “A CAP devia estar preocupada em juntar-se ao PAN e defender as boas práticas e os nossos produtores. Não cometi nenhum crime, tenho o maior orgulho naquele que foi o nosso percurso”, disse a líder do Pessoas-Animais-Natureza que considera que os ataques da CAP surgem porque a Confederação se sente “incomodada” por representar interesses que o PAN tem contrariado.

“É com alguma tristeza que vejo oportunismo e aproveitamento. Há mais de 9 anos que tenho estas empresas, sempre foi do conhecimento público que as detive. Quando assumi funções preenchi declaração de interesses de forma transparente. Isto não é escrutínio é ataque político”, disse, acrescentando que “a lei não proíbe que os deputados tenham quotas em empresas” e que decidiu cessar a participação nas empresas porque não tem tempo para se dedicar à agricultura.

Sobre se a polémica dos últimos dias afetou a sua imagem e a liderança do partido, Sousa Real nega e diz que tem recebido “palavras de empatia”. “Não abalaram a minha imagem do partido, houve essa tentativa.  Tenho recebido muitas palavras de empatia por ter sido empreendedora, por colocar na prática o que defendemos com modos de produção mais sustentáveis”, disse justificando a questão do embalamento com plástico da produção de framboesas como uma imposição do comprador que não pode ainda ser contornada. “Ainda não conseguimos fazer a transição para que não haja plástico”, disse embora notando que o mirtilo biológico é embalado em caixas de cartão.