O ministro das Finanças, João Leão, considerou esta quarta-feira que a previsão de que a economia vai crescer 5,5% é realista, mesmo sem um Orçamento do Estado aprovado, sendo, porém, “fundamental” continuar o trabalho feito e garantir execução do PRR.

“As estimativas que temos são de [um crescimento] 5,5% [em 2022] e para isso é fundamental continuarmos o trabalho que temos feito de aplicação de um conjunto de medidas e de reformas e de aplicação, nomeadamente do Programa e Recuperação e Resiliência (PRR)”, referiu o ministro da Estado e das Finanças, considerando “realistas” as previsões que o Governo inscreveu na proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), que foi chumbado no parlamento.

Falando aos jornalistas à margem da cimeira anual da Autoridade e Supervisão de Seguros e Findos de Pensões (ASF), que decorreu esta quarta-feira em Lisboa, João Leão apontou que as estimativas do Governo para o andamento da economia em 2022 não se afastam muitas das que recentemente foram divulgadas pela Comissão Europeia, indicando que há estimativas, “que vão sair em breve” que são até mais otimistas.

O ministro afirmou ainda que o Governo está a “trabalhar a tempo inteiro numa rápida execução do PRR”, sendo para tal fundamental, na ausência de um Orçamento do Estado aprovado e pronto para entrar em vigor no início do ano, “conseguir as condições de governabilidade e de estabilidade que não interrompam este processo de recuperação em curso”.

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“Portugal está a crescer há mais de dois trimestres acima do que cresce a Europa e esta dinâmica de recuperação forte não deve ser interrompida e para isso precisamos de um quadro de governabilidade e estabilidade”, precisou.

João Leão afasta receios de subida da inflação e reitera aumentos de 0,9% na função pública

O ministro das Finanças destacou esta quarta-feira que Portugal é um dos países da UE com uma inflação mais baixa, sublinhando que a subida que se verifica é considerada de natureza temporária, e reiterou aumentos salariais de 0,9% na função pública.

“Portugal mantém-se com um dos países com taxa de inflação mais baixa”, em linha com as previsões do Governo, referiu o ministro das Finanças, salientando que este aumento da taxa de inflação é considerado pelos bancos centrais e também pelos ministros das Finanças europeus como “algo de natureza temporária”, havendo consenso de que vai começar a reduzir-se a partir do próximo ano.

João Leão foi questionado sobre o facto de os dados divulgados esta quarta-feira pelo Eurostat indicarem que a taxa de inflação anual subiu em outubro pelo quarto mês consecutivo na zona euro e na União Europeia (UE), tendo ultrapassado a barreira dos 4%.

Na zona euro, a taxa de inflação aumentou para os 4,1% em outubro, face aos -0,3% do mesmo mês de 2020 e aos 3,4% de setembro.

Na UE, a inflação chegou aos 4,4%, que se comparam com os 0,3% homólogos e os 3,6% de setembro, tendo o indicador aumentado em todos os Estados-membros.

De acordo com o gabinete estatístico europeu, entre os 27 Estados-membros, as taxas de inflação anuais mais baixas foram registadas, em outubro, em Malta (1,4%), Portugal (1,8%), Finlândia e Grécia (2,8% cada).

A sustentar a situação em Portugal, indicou, estão as medidas tomadas para estabilizar os preços do setor elétrico, situação que “não aconteceu” noutros países.

Questionado sobre se no atual contexto faz sentido que a atualização salarial da função pública seja de 0,9%, o ministro precisou que a expectativa é que a inflação média dos últimos 12 meses — a que serve de referência aos aumentos — fique próxima daquele valor, tendo em conta os dados conhecidos até outubro.

“Vamos agora verificar qual é a inflação [média dos últimos 12 meses conhecida em dezembro] para se proceder a essa atualização, mas neste momento a estimativa que existe e o que conhecemos até outubro é 0,9%, e os números apontam para que fique nos 0,9%”, precisou.

Já sobre a necessidade de terem de vir a ser tomadas medidas para conter a subida de novos casos de Covid-19, o ministro salientou a necessidade de se atuar proativamente, mas lembrou que, perante o padrão de evolução e a taxa de vacinação de Portugal, não se antecipa, pelo menos para já, que tenham de ser tomadas medidas que afetem significativamente a atividade económica ou a vida dos portugueses.