Já estava para trás a derrota frente à França na passada terça-feira (3-5) quando o público português presente no Multiusos de Paredes aplaudiu e gritou pelos seus rapazes que jogavam esta quarta-feira frente à Itália, num encontro que se mostrava decisivo para as ambições nacionais de alcançar um dos dois primeiros lugares do grupo de seis deste Europeu de hóquei em patins e chegar à final. O rival desta noite? A sempre complicada Itália.

Sobre esse jogo contra a França, o selecionador Renato Garrido admitiu que a “equipa entrou mal no jogo e os golos de desvantagem criaram problemas”. “Não é qualquer surpresa a França. Faltou muito mais além da eficácia, sobretudo na intensidade defensiva. Tudo faremos para dar volta a este desaire”, afirmou o técnico sobre o encontro frente aos transalpinos, que também foram vítimas dos franceses e empataram com a Espanha. Assim, os italianos arrancavam para o jogo desta quarta-feira com um ponto contra os três de Portugal.

E se as contas portuguesas ficaram mais complicadas com a derrota frente aos gauleses, estes empataram esta tarde com Andorra, no resultado mais surpreendente do Europeu até agora. Esta igualdade (5-5) não complicou, mas baralhou, com os portugueses a ficarem a uma vitória de conseguir estar a apenas um ponto de França e Espanha.

Se um Di Benedetto não é pouco, dois são muito bons e três foram demais: França surpreende Portugal no Europeu

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

E Portugal tem um recorde bem mais positivo frente à Itália do que se pode parecer à primeira vista. Nos últimos 20 anos, em 16 jogos, a Itália venceu Portugal apenas quatro vezes. No Mundial 2019, os portugueses ultrapassaram os italianos nos quartos de final apenas nas grandes penalidades, para depois seguir para o título mundial. Esse encontro com a Itália sorriu aos portugueses e embalou os habilidosos hoquistas portugueses para a glória.

Para infelicidade da equipa e dos adeptos portugueses, a equipa voltou a entrar mal no jogo, sofrendo um golo da Itália logo aos 2′. Alessandro Verona, que joga no Sporting, apareceu completamente sozinho na área portuguesa e limitou-se a encostar para a baliza na cara de Ângelo Girão. A assistência foi de Cocco, numa excelente jogada de combinação com o marcador do golo. Portugal tentou responder e Renato Garrido mexeu bastante no conjunto nacional e, mesmo com a Itália a controlar o jogo, com e sem bola, Jorge Silva obrigou Gnata a uma boa defesa (10′). Ao guarda-redes italiano respondeu o português Girão, que evitou o 2-0 italiano logo na jogada de seguinte. A Itália entrou bem, geria o jogo com bola (Portugal tentava ataques rápidos com a mesma rapidez com que perdia a posse) e, quando faltavam cerca de 15 minutos para o final, saiu um time out para as cores nacionais.

Estavam decorridos 14 minutos quando os guarda-redes voltaram a estar em destaque: Gnata frente ao aniversariante Diogo Rafael, que procurava uma prenda para o seu 32.º aniversário; depois Girão por duas vezes a evitar males maiores. Portugal começou a girar mais a bola nos últimos dez minutos mas com pouco ritmo. Foi Gonçalo Alves, numa magnífica jogada individual, a criar perigo depois de fintar três adversários, mas o capitão João Rodrigues não conseguiu finalizar. Foi a faltar pouco mais de dois minutos que João Rodrigues fez efetivamente o empate, numa jogada rapidíssima em que Gonçalo Alves conduziu, Henrique Magalhães desviou-se de um adversário e assistiu para o golo. Alessandro Bertolucci, técnico italiano que fez história em Portugal como jogador ao serviço do Óquei de Barcelos, ficou louco com a jogada, pedindo falta dos portugueses. O golo foi validado e o jogo chegaria ao intervalo com o público presente em Paredes muito entusiasmo.

Mas se Portugal entrou mal no primeiro tempo, fez o mesmo na segunda parte, ao sofrer golo logo aos 3′, com Verona a bisar no encontro em contra-ataque e a animar a pequena claque italiana. Contudo, desta vez, a seleção nacional não se deixou ficar e Hélder Nunes numa boa joga individual empatou passados dois minutos. A faltarem 20′, a bola pingou na trave italiana, mas não quis nada com a sorte portuguesa. Fora do ringue as coisas animavam bastante, com o público a aparecer cada vez mais no apoio e passado um minuto e meio Portugal colocou-se pela primeira vez em vantagem (3-2). Gonçalo Alves, um dos mais inconformados, colocou a bola pelo buraco da agulha ao vir por trás da baliza e conseguir na insistência bater Gnata.

No entanto, Portugal virai a sofrer o empate pouco depois. Mais uma boa jogada italiana, rápida mas com critério, com Federico Ambrosio a fazer o empate (3-3) aos 35′. O jogo partiu e isto beneficiou os italianos, que obrigaram Girão a duas defesas de alto nível para evitar males maiores. A faltar pouco mais de 13′, Henrique Magalhães acertou na trave italiana. Pela segunda vez, Portugal acertava nos postes. O público não desarmava no apoio e recebeu com muitas vaias a grande penalidade que Rafa cometeu sobre Illuzzi. O jogador italiano, chamado a converter, fez o 4-3 para a Itália. Renato Garrido protestou imenso, mas a verdade é que quando o jogo partiu, os pupilos de Bertolucci estiveram melhores e fizeram dois golos.

Faltavam dez minutos quando a Itália cometeu a décima falta. “Vai Gonçalo”, gritava o animador do pavilhão ao microfone. Livre direto para Gonçalo Alves que rematou forte, mas não conseguiu fazer o empate. O pavilhão já não era tão barulhento por esta altura, mas a seleção precisava dele mais do que nunca, porque jogava-se muita da hipótese de Portugal disputar a final do Europeu. Faltavam 8 minutos e havia, para as hostes portuguesas pelo menos, demasiado silêncio…

O público viria a gritar golo de Portugal a faltarem 3,17 minutos, após Gonçalo Alves converter em golo um penálti sofrido por Jorge Silva. Os portugueses tinham pouco tempo para ficarem melhor posicionados para lutar pela final e depender apenas de si no jogo de amanhã frente à Espanha. Com o empate a quatro golos a não interessar a ninguém, foi Hélder Nunes a aparecer isolado à entrada do último minuto, mas sem conseguir desfeitear Riccardo Gnata. O 78 português apareceu novamente na cara do guarda-redes italiano a faltarem meros cinco segundos, mas mais uma vez o guardião transalpino levou a melhor.

Portugal empatou com a Itália e em três jogos fez os três resultados possíveis. Soma agora quatro pontos e ainda depende apenas de si para chegar à final. Na próxima quinta-feira apresenta-se em Paredes a eterna rival Espanha, que os portugueses terão obrigatoriamente de ultrapassar se querem ainda lutar pelo 22.º título europeu.