A China aumentou consideravelmente a sua influência nas principais instituições internacionais, como o Banco Mundial, na última década, concluiu um grupo de estudos com sede em Washington.

As empresas chinesas estão a ganhar a maioria dos contratos oferecidos por bancos de desenvolvimento, enquanto Pequim aumentou as suas contribuições para essas instituições para 66 mil milhões de dólares (cerca de 58 mil milhões de euros), de acordo com um relatório do Centro para o Desenvolvimento Global, esta quinta-feira divulgado.

A China ultrapassou o Japão e tornou-se o segundo maior contribuinte nesta área, apenas atrás dos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, o gigante asiático é um dos principais destinatários da ajuda de instituições financeiras multilaterais, como o Banco Mundial, de acordo com este relatório, embora tenha adquirido poder de voto e funções de tomada de decisão dentro delas.

“Isso não é necessariamente preocupante. Há anos que os Estados Unidos e outros governos pressionam a China para contribuir mais para o sistema internacional”, explicou Scott Morris, investigador do centro e um dos responsáveis pelo estudo.

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Os autores do relatório acreditam que pode ser necessário fazer “análises adicionais em certas áreas” e fazer “esforços razoáveis para moderar o domínio da China”, a fim de evitar que o país prejudique as metas de desenvolvimento.

O risco advém do facto de Pequim ter um papel de liderança como credor dos países pobres, muitos dos quais enfrentam problemas de sobre-endividamento.

Além disso, “as empresas chinesas passaram a dominar os contratos comerciais (bancos multilaterais de desenvolvimento) a um nível que prejudica o apoio político a essas instituições em outros países”, conclui o relatório.

Os investigadores analisaram o aumento de doações por parte da China, bem como o incremento do seu poder de voto e a presença em posições de liderança em 76 grandes instituições globais, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI) e agências da ONU, como a Organização Mundial de Saúde (OMS).

O poder de voto da China aumentou, em grande parte devido ao rápido crescimento da economia, mas Pequim também mais do que quadruplicou as suas contribuições discricionárias para essas organizações.

“A China fez claramente a escolha deliberada de aumentar o seu poder e influência no sistema internacional”, conclui Sarah Rose, responsável do Centro para o Desenvolvimento Global.