O primeiro-ministro considerou esta quinta-feira essencial o reforço das medidas europeias de proteção social para compensar os custos das transições climática e digital em curso e advertiu que a exclusão alimenta as pulsões populistas.

Estas posições foram transmitidas por António Costa no âmbito do jantar da Cimeira Ministerial da Agência Espacial Europeia, que decorre no Porto e que tem como tema central “Acelerar a Utilização do Espaço na Europa”.

No seu discurso, em que também defendeu a autonomia estratégica da União Europeia também no domínio do setor espacial, o líder do executivo sustentou que em todos os processos de transição, como os atuais ao nível do digital e do clima, “é fundamental garantir que os benefícios do progresso chegam a todos os cidadãos e que ninguém é deixado para trás”.

Foi aliás com esse mote que realizámos aqui no Porto, em maio passado, no quadro da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, a cimeira social. Uma cimeira que visou precisamente estabelecer um compromisso relativamente à implementação do pilar dos direitos sociais para que os processos de transição digital e energético sejam justos”, apontou.

De acordo com o primeiro-ministro, no presente, “também em Portugal, não faltam exemplos de como os custos inevitáveis destas transições colocam a necessidade de proteção social para todos”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Estas transições devem servir o futuro da humanidade e não alimentar no presente pulsões populistas que a exclusão inevitavelmente alimenta. Por isso, é importante partilhar informação e os benefícios das tecnologias, que devem ser focadas no interesse dos utilizadores”, defendeu.

De uma forma geral, segundo António Costa, os cidadãos enfrentam “desafios cada vez maiores e a sua qualidade de vida e o seu futuro sustentável só podem ser garantidos de forma eficaz através de uma nova geração de sistemas de informação, em que os sistemas espaciais orientados para o utilizador tornam os cidadãos europeus parte integrante”.

“Devemos por isso aumentar as ambições da Europa neste domínio, de forma articulada entre a ESA (Agência Europeia Espacial), os seus Estados-membros e a Comissão Europeia, tendo em vista assegurar também aqui uma efetiva autonomia estratégica da Europa. Mas de uma Europa aberta ao mundo e de uma Europa aberta ao espaço”, ressalvou.

António Costa disse depois que no domínio espacial “Portugal está a tentar fazer a sua parte, mobilizando empresas, instituições científicas e académicas, empreendedores, investigadores e estudantes”.

Alunos portugueses apostam em foguetão “Blimunda” para voos mais altos no futuro

“No contexto da implementação da estratégia Portugal Espaço 2030, criámos a Agência Espacial Portuguesa e estão em curso processos de dinamização de novas indústrias do espaço, de atração de investimento estrangeiro e de dinamização da colaboração das instituições científicas e académicas na promoção de uma nova década de valorização de sistemas espaciais e de observação da terra”, referiu.

“O nosso objetivo coletivo passa por estimular a atração de recursos humanos qualificados e novas atividades económicas de maior valor acrescentado, num quadro de cooperação com as organizações internacionais que Portugal participa, em particular na ESA”, completou.

Neste quadro, indicou a seguir o primeiro-ministro, “assume particular relevância desde 2016 a definição e promoção de uma agenda de investigação e inovação sobre interações atlânticas, a qual resultou na criação do Atlantic International Research Center – AIR Center, em 2017”. Um organismo que afirmou ser orientado para o estudo e exploração do espaço no sentido do desenvolvimento socioeconómico do Atlântico, “num esforço multidisciplinar e multinacional, que inclui um laboratório de Observação da Terra nos Açores focado em sistemas relacionados com Observação da Terra e vigilância marítima”.

“Mas também a definição e promoção do Ecossistema Espacial de Santa Maria, que inclui a promoção para a instalação e operação de um porto espacial aberto nessa ilha dos Açores orientado para operações integradas de lançamento, aterragem no mar e recuperação e reutilização de lançadores”, acrescentou.