As forças de segurança sudanesas voltaram esta quinta-feira a disparar granadas de gás lacrimogéneo contra dezenas de manifestantes, em Cartum, contra o golpe militar de 25 de outubro.

Esta manhã, depois de terem sido reestabelecidas as comunicações telefónicas, as forças de segurança tentaram dispersar novamente dezenas de manifestantes, barricados na periferia norte da capital sudanesa.

Na quarta-feira e na mesma zona, pelo menos 11 pessoas foram mortas a tiro pelas forças de segurança, que visaram “a cabeça, o pescoço ou o peito”, de acordo com o Comité de Médicos, da oposição, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

Polícia dispersa manifestação em Cartum, no Sudão, com gás lacrimogéneo

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O Comité de Médicos, que desde a revolução que derrubou o ditador Omar al-Bashir, em 2019, presta assistência aos manifestantes e é a única fonte que procede à contabilização regular de mortos resultantes da repressão das forças armadas.

“Existe ainda um grande número de feridos nos hospitais de Cartum e nas vias de acesso com dificuldades de transporte”, acrescentou o Comité.

Ao todo, desde o golpe, 39 pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas, acrescentou a AFP.

A vice-secretária de Estado norte-americana para os Assuntos Africanos, Molly Phee, condenou já “a violência contra manifestantes pacíficos”.

Nos últimos dias, a comunidade internacional e organizações, como a ONU, têm instado os militares sudaneses que perpetraram o golpe a permitir que os cidadãos protestem livremente.

A comunidade internacional exige também a libertação de todos os líderes civis e militares detidos após o golpe, incluindo membros do Conselho de Ministros deposto, a restauração de um governo civil e de Abdullah Hamdok como primeiro-ministro.

O conselho, presidido pelo general Abdel-Fattah al-Burhan, realizou a primeira reunião no domingo, e declarou que seria formado um governo civil nos próximos dias.

Em 25 de outubro, o líder militar sudanês, o general Abdel-Fattah al-Burhan, declarou o estado de emergência e dissolveu os corpos criados para a transição democrática no país africano, além de prender o primeiro-ministro, Abdullah Hamdok, que se encontra em prisão domiciliária.