“Espero que todos se lembrem do dia de hoje, durante a época toda em todos os pavilhões nacionais!”

Poucos minutos depois do final do Espanha-França, que com a vitória dos espanhóis por dois golos (3-1) acabou por deixar Portugal do jogo decisivo do Campeonato da Europa de hóquei em patins, Ângelo Girão era o espelho da desolação no seio da Seleção, motivada pela vitória no dérbi ibérico da véspera arrancada a ferros e com muito coração entre dois golos no último minuto (o decisivo com 14 segundos por jogar) mas que de nada valeu perante uma das poucas conjugações possíveis que afastavam Portugal das duas primeiras posições da fase de grupos. Fim da história? Longe disso. E a dois níveis bem diferentes.

Um jogo memorável, um final épico: Portugal vence Espanha com dois golos no último minuto e ainda sonha com a final do Europeu

Por um lado, o que se passou no jogo entre a Espanha e a França, onde os gauleses foram uma sombra em relação ao que tinham apresentado nos jogos com a Itália e Portugal (neste aspeto, muito perto do tropeção com a modesta equipa de Andorra a cinco) mas os espanhóis nunca quiseram também acelerar muito o jogo, chegando ao intervalo a ganhar por 2-0 e marcando o terceiro quando Carlo di Benedetto reduziu de livre direto. Houve um pouco de tudo, incluindo livres diretos tão ao lado da baliza que quase acertaram no árbitro ou chamadas de atenção aos dois capitães pelo anti jogo que começava a ser demasiado evidente. No final, os adeptos portugueses não calaram a revolta mas o “mal” estava feito – e o problema nem foi propriamente o jogar com as regras mas sim as próprias regras de um Europeu entre seis equipas…

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Por outro, o que levou Portugal a colocar-se nesta posição tão desfavorável. “Muito orgulho em nós. Não fizemos de todo o melhor Europeu mas deixámos tudo em pista pelo nosso país!”, destacou o mesmo Girão no resumo numa frase do problema que se sentiu em Paredes. Quer na derrota com a França, quer no empate com a Itália, quer no triunfo in extremis com a Espanha, a Seleção nunca defendeu bem como era seu hábito, revelou dificuldades em ataque organizado e em transições e só mesmo com o coração disfarçou esse momento – sendo que às vezes até teve em excesso, sendo traída por isso. Aquilo que se passou no Multiusos de Paredes não ficou bem a ninguém mas Portugal também podia ter evitado o triste filme.

Se um Di Benedetto não é pouco, dois são muito bons e três foram demais: França surpreende Portugal no Europeu

Assim, e no dia que marcou a estreia de Vieirinha neste Europeu (ficou de fora Hélder Nunes, que nos dois últimos jogos apresentou algumas queixas físicas), a Seleção tinha muito pouco em jogo, sabendo de forma antecipada que discutiria com a Itália este sábado o terceiro lugar (17h) e que a final ficaria para Espanha e França. E dentro desse contexto, sem Renato Garrido no banco após ter visto vermelho por críticas à dupla de arbitragem italiana que dirigiu o jogo com a Espanha, Portugal somou o seu terceiro triunfo.

Um jogo Girão ajuda, mas é preciso mais ritmo: Portugal empata com a Itália mas ainda sonha com a final do Europeu

Num jogo de sentido único onde a superioridade nacional nunca esteve em causa, Gonçalo Alves inaugurou o marcador numa grande penalidade que ganhou e converteu (7′) e Diogo Rafael aumentou a vantagem num remate cruzado sem hipóteses para Carlos de Sousa (11′). No mesmo minuto, e com uma stickada quase do meio-campo que surpreendeu o hoje titular Pedro Henriques, Arnau Dilmé ainda fez o 2-1 mas Portugal manteve o seu jogo fluido e sem pressão que levou a mais golos até ao intervalo por Vieirinha (14′), João Rodrigues (24′ e 25′) e Gonçalo Alves (25′), estes últimos quase sem festejos perante a desilusão de um 6-1 que de nada valia tendo em conta que nenhum resultado iria possibilitar uma chegada à final.

No segundo tempo, o ritmo da partida foi mais baixo, Andorra aproveitou para conseguir mais algumas saídas em transição visando a baliza de Pedro Henriques mas os últimos dez minutos acabaram por voltar a desequilibrar em demasia o encontro, possibilitando a Portugal aumentar os números da goleada com golos de Rafa (40′ e 42′), João Rodrigues (42′), Jorge Silva (45′ e 50′) e Diogo Rafael (47′). Estava selado o resultado mais volumoso da Seleção neste Europeu mas sem que isso merecesse o mínimo esboço de festa, algo que já tinha acontecido antes no mesmo pavilhão quando chegou ao fim o Espanha-Itália…