A interpelação do PSD ao Governo sobre saúde ganhou esta sexta-feira contornos de pré-campanha eleitoral, com o PS a lançar 17 pedidos de esclarecimento regionais aos sociais-democratas, e o PSD a responder que foram “provocações”.

Depois da intervenção de abertura do vice-presidente da bancada do PSD Ricardo Baptista Leite, a bancada do PS informou que tinha 17 pedidos de esclarecimento para lhe dirigir.

Só me recordo de 17 perguntas dirigidas ao ministro ou ao primeiro-ministro, já estão a treinar, fazem bem em ensaiar a mudança. Preparem-se para ser oposição”, ironizou Baptista Leite.

As perguntas da bancada do PS passaram por recordar as realizações do Governo socialista em vários distritos na área da saúde, com o deputado Tiago Barbosa Ribeiro a estranhar que o deputado do PSD não se tenha referido ao novo centro pediátrico do Hospital de São João, que já começou a receber as primeiras crianças.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Vale a pena perguntar se foi por esquecimento que não falou neste ou se está à espera da campanha para ir visitar esta obra”, criticou.

Ascenso Simões acusou Batista Leite de ter “pintado um quadro negro” sobre o setor da saúde, quando “é o PSD que está completamente negro”, e fez questão de repetir o número de enfermeiros contratados para o Hospital de Vila Real: “300, 300, 300, 300”.

O deputado do PSD teve perguntas sobre situações concretas na saúde em distritos como Leiria, Guarda, Coimbra, Santarém, Portalegre, Setúbal, Viseu ou Bragança e até na Região Autónoma da Madeira.

“Bem prega frei Tomás, temos provas do que o Governo PSD faz na área da saúde: cortes e mais cortes”, acusou Hortense Martins.

Na resposta coletiva às muitas perguntas, Baptista Leite considerou que o PS fez “uma brincadeirinha” e acusou a bancada socialista de parecer “um spa”, em que os deputados vieram “massajar os egos uns aos outros”, o que mereceu protestos por parte do PS.

Ao ver o estado a que chegou a maioria socialista há uma conclusão a tirar este debate: o Presidente da República faz muito bem em dissolver a Assembleia da República, os senhores já não estão em condições de governar”, acusou.

A bancada socialista, através do deputado Luís Testa, ainda fez uma interpelação à mesa a perguntar porque é que o deputado do PSD “não se dignou a responder a nem um” pedido de esclarecimento, com o líder social-democrata Adão Silva a responder que “não foram bem perguntas, foram provocações”.

O deputado do PSD Maló de Abreu acrescentou que a ministra da Saúde precisou de “uma guarda pretoriana de 17 perguntas quase infantis”, ironizando que “desde Aljubarrota que não via uma tal desproporção de forças”.

“As perguntas e respostas têm leituras políticas, as não pergunta e as não respostas têm igualmente leituras políticas, vamos continuar o nosso debate sobre saúde que é disso que os portugueses querem que falemos”, afirmou Fernando Negrão, que presidia aos trabalhos, encerrando a polémica quando o deputado Luís Testa ameaçava pedir novamente a palavra.