O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, afirmou esta sexta-feira que a situação política na região coloca em causa a “credibilidade da política e dos políticos”, referindo que o executivo não pode vacilar por “questões de protagonismo”.

“Não está em causa a credibilidade do governo, mas a credibilidade da política e dos políticos. O que está em causa é a noção da estabilidade e da assunção de responsabilidades”, afirmou Bolieiro, quando questionado pelos jornalistas sobre as consequências da situação política na credibilidade do executivo açoriano (PSD, CDS-PP, PPM).

O líder regional falava no Palácio de Sant’Ana, sede da Presidência, em Ponta Delgada, após uma reunião com o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, no dia em que o deputado regional do Chega deixou tudo em aberto quanto à votação do Orçamento da região.

Bolieiro lembrou que existem “compromissos” e “responsabilidades” firmados entre os partidos que suportam o executivo.

A atual coligação de direita, que no parlamento açoriano tem 26 deputados, assinou um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD firmou outro com a Iniciativa Liberal.

Há que avaliar também a dignidade de um percurso que não pode ser vacilado por questões de protagonismos e muito menos de origem distante. A minha convicção é esta e não mudo. [Estou] pronto e recetivo para todas as opiniões”, afirmou.

O social-democrata enalteceu a “humildade democrática” do governo açoriano e considerou “importante honrar os compromissos”, referindo-se aos acordos de incidência parlamentar.

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“Não podemos passar a vida a desonrar os compromissos como se nada de importante se tratasse”, assinalou.

Bolieiro referiu que o atual Governo Regional tem feito “muitas reformas” em “tão pouco tempo” e reforçou que as “responsabilidades” do governo “estão assumidas”.

“Falo por mim também, não apenas pela questão política. O meu caráter, os meus princípios, os meus valores são indeclináveis quanto à vontade de assumir compromissos e de cumprir princípios e valores em nome e em defesa do interesse dos Açores”, realçou.

O chefe do executivo regional também comentou a posição de Vasco Cordeiro, anterior presidente do governo açoriano e líder do PS/Açores, que defendeu que estar causa a “dignidade e o respeito devidos ao Governo Regional dos Açores”.

“O doutor Vasco Cordeiro, pessoa que estimo, mas que sob ponto vista político parece ser mais desesperado por não aceitar com tranquilidade democrática que passou do poder para a oposição, parece desejar sempre que o governo, a cada dia que passa, caia”, apontou.

A Direção Nacional do Chega pediu na quarta-feira à estrutura partidária açoriana para retirar o apoio ao Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM).

Esta sexta-feira, o deputado único do Chega, José Pacheco, disse que “nada está fechado e tudo pode acontecer” devido às negociações em curso quanto ao Orçamento Regional, que começa a ser debatido no parlamento açoriano na segunda-feira.

O Orçamento Regional dos Açores começa a ser debatido na segunda-feira pelo parlamento açoriano na Horta, ilha do Faial, e a sua aprovação está dependente dos votos do deputado do Chega, do representante da Iniciativa Liberal, e do deputado independente (ex-Chega).

A direção nacional do Chega pediu na quarta-feira ao partido nos Açores para retirar o apoio ao Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), mas o deputado único do partido, José Pacheco, disse que “nada está fechado e tudo pode acontecer” dado que há negociações em curso.

A Assembleia Legislativa é composta por 57 eleitos e a coligação de direita, com 26 deputados, precisa de mais três parlamentares para ter maioria absoluta.

Como a coligação assinou um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD com a Iniciativa Liberal, era esperada a viabilização do Orçamento Regional para 2022 por estes partidos, bem como pelo deputado independente (que manteve o apoio ao executivo quando saiu do Chega).

A IL disse esta sexta-feira que pode votar favoravelmente o Orçamento Regional para 2022 se contemplar uma redução de “15 a 20 milhões de euros” no endividamento de 170 milhões previstos para a região.

O deputado independente Carlos Furtado disse na quarta-feira não ter decidido o sentido de voto.

O parlamento conta ainda com mais 28 deputados: 25 do PS, dois do BE e um do PAN. Todos estes partidos anunciaram já o voto contra o Orçamento.