A dependência energética nacional foi de 72,8% em 2019, diminuindo dois pontos percentuais face ao ano anterior, pelo segundo ano consecutivo, divulgou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).

De acordo com a Conta de Fluxos Físicos de Energia 2019, divulgada esta sexta-feira pelo INE, a queda da dependência energética — rácio entre as importações líquidas de energia e a utilização interna de energia — foi, no entanto, menor do que a descida registada em 2018, face a 2017, quando caiu 2,2 pontos percentuais (p.p.) para 73,5%.

Em 2019, as exportações de fluxos energéticos decresceram 5,8%, pelo segundo ano consecutivo, após uma redução de 15% em 2018, uma evolução que o INE diz refletir a diminuição das exportações de eletricidade (-43,5%) e de produtos petrolíferos (-3,2%), designadamente gasóleo rodoviário (-11,7%).

No sentido oposto, o instituto destaca o aumento das exportações de biomassa (19,3%)

Já as utilizações energéticas mais relevantes para as emissões associadas à produção e distribuição de eletricidade apresentaram, em 2019, uma diminuição de 4,8%, face ao ano anterior, mais acentuada do que a da utilização interna líquida de energia (-0,7%), o que o INE conclui evidenciar o recurso a fontes de energia menos poluentes.

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Em 2019, à semelhança do que sucedeu em toda a década, a produção e distribuição de eletricidade, gás, vapor e ar frio e a construção, comércio, transportes e outros serviços foram as atividades com maior peso na estrutura de utilizações energéticas relevantes para as emissões (29,6% e 26,1%, respetivamente), enquanto as famílias foram responsáveis por 18,7%, mais 1,3 p.p. do que em 2018.

Os dados do instituto mostram que as utilizações energéticas mais relevantes para as emissões associadas à produção e distribuição de eletricidade diminuíram 16,2%, face ao menor recurso a combustíveis fósseis para a produção de eletricidade (diminuição de 53,9% na utilização de carvão) e ao aumento da produção por fontes renováveis.

A produção de energia com origem renovável registou em 2019 um decréscimo de 3,2%, que o INE justifica com a redução da energia de origem hídrica (-28,9%).

Apesar desta diminuição, a percentagem de energias renováveis na produção de eletricidade aumentou 4,1 p.p. em resultado do efeito conjugado da redução significativa da utilização do carvão (-53,9%) e do aumento de outras formas de produção de energia renovável, em particular eólica (+8,3%), madeira, desperdícios de madeira e outra biomassa sólida e carvão vegetal (+9,2%), solar (+17,1%) e resíduos renováveis (+2,9%).

Efetivamente, conclui o INE, a diminuição acentuada do preço do gás natural, bem como os custos acrescidos suportados pelas centrais a carvão devido ao agravamento da taxa de imposto sobre produtos petrolíferos (ISP) e do custo das emissões de dióxido de carbono, fez com que a produção de eletricidade através do consumo de carvão se reduzisse em relação a 2018, tendo aumentado o consumo de gás natural.