As dez regras para o plantel que apareceram na imprensa como se fossem a coisa mais inovadora do mundo mas que mais não eram do que fazer aquilo que qualquer equipa profissional deve cumprir, o alegado veto a uma entrevista de Gerard Piqué no El Hormiguero que mais tarde o defesa central comentou dizendo que o técnico nem sabia o que isso era, os jogos da sardinha (esses mesmos que todos jogávamos mais novos) no início de treinos ao ritmo de encontros oficiais e sempre a olhar para o potencial dos jovens da cantera. A entrada de Xavi Hernández no Barcelona dava notícia por tudo e por quase nada mas todos esperavam pela estreia, logo num dérbi com o Espanyol antes de outro jogo decisivo na Champions frente ao Benfica.

Xavi voltou a “casa” para a salvar. De Daniel Alves a um novo avançado, passando por um português, quem o ajudará?

Ao todo, foram 32 minutos de conversa na antecâmara da estreia após ter deixado o Al Sadd com um total de 25 perguntas que tocaram em variados pontos sempre com respostas curtas mas que iam cumprindo mediante os pedidos. “Estou menos nervoso do que quando era futebolista mas tenho muita vontade que tudo comece. Estou confiante que as coisas vão ser boas. Regras? Não há necessidade de ser um sargento. Vamos apenas tentar jogar bem, ter a bola, criar ocasiões, pressionar alto, jogar no meio-campo contrário porque assim será mais fácil de levar os três pontos. Não podemos falhar, temos urgência em subir porque estamos em nono e o clube não merece ocupar uma posição destas”, começou por destacar.

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“Esta foi uma semana onde houve um grande peso junto dos jogadores com conversas, palestras conjuntas e abordagens individuais. Teve mesmo de ser assim, é necessário competir já. Equipa inicial? Veremos mas pode haver alguma surpresa no ataque”, atirou. Atirou e cumpriu, lançando Ilias Akhomach na estreia como ala direito e colocando Gavi quando como um ala esquerdo bem mais na linha do que funcionava com Koeman ou na seleção espanhola. No entanto, as horas que antecederam o encontro foram marcadas por outras notícias, nomeadamente uma possibilidade que parece ir ganhando mais peso.

Depois da arritmia cardíaca que sofreu na receção ao Alavés, e que levou a que passasse alguns dias no hospital em exames para perceber o tipo de problema em causa, Kun Agüero ficou a saber que estaria pelo menos três meses fora dos relvados para tentar debelar a questão cardíaca. Agora, e após algumas notícias que já tinham colocado a carreira em stand by, o jornalista catalão Gerard Romero anunciou que o jogador argentino de 33 anos está preparado para convocar uma conferência de imprensa na próxima semana para divulgar a decisão de acabar mesmo a carreira. Por isso mesmo, a estreia a ganhar de Xavi, com sofrimento desnecessário nos últimos minutos, teve uma dedicatória bem maior do que o antigo capitão.

O início do encontro, com o Barcelona a voltar ao 4x3x3 mais puro tendo Gavi quase como um elemento de ala colado à linha para fazer um futebol em campo largo onde a bola circula mais do que os jogadores à procura do espaço, mostrou na teoria o que pode ser este novo ADN dos catalães sem resultados práticos no último terço a nível de golos e até oportunidades apesar do domínio que a equipa conseguiu ter com as linhas muito subidas e uma reação forte à perda. Ainda assim, e quase em cima do intervalo, foi Raúl de Tomás que ficou próximo de inaugurar o marcador, valendo Ter Stegen para aguentar o nulo.

Apesar disso, e da reação positiva que se fazia sentir das bancadas, a ansiedade era ainda um dos principais inimigos da equipa, tendo como exemplo paradigmático o jovem Ilias Akhomach, de 17 anos, que acabou por ser substituído ao intervalo por Abde Ezzalzouli. Faltava o golo para baixar essa vontade em excesso que às vezes retirava discernimento às ações dos blaugrana e o mesmo apareceu logo no início do segundo tempo, com Memphis Depay a ganhar uma grande penalidade muito discutida pelos visitantes após um passe fabuloso de Gavi e a bater Diego López para o 1-0 (48′). O encontro estava para os catalães.

No entanto, e quando se pensava que seria um gatilho para uma exibição que melhorasse o rácio de posse de bola com oportunidades, voltaram os fantasmas que já tinham ensombrado a equipa com Koeman, falhando a obtenção do segundo golo e vendo na parte final o adversário crescer. Foi isso mais uma vez que aconteceu, com alguma sorte à mistura. E só nos derradeiros dez minutos Raúl de Tomás acertou de livre direto no poste, Landry Dimata falhou isolado sem marcação na pequena área e o mesmo Raúl de Tomás voltou a atirar ao poste de cabeça. Só por mero acaso o Barcelona segurou os três pontos mas a diferença é que em vez de assobios a equipa voltou a ouvir aplausos nestes momentos em que mais precisa.