O Governo acredita que vai ser possível “encontrar uma saída” para os trabalhadores da central termoelétrica do Pego, que terminou a sua produção esta sexta-feira, acabando com a produção de eletricidade a partir do carvão em Portugal. E, caso fiquem “sem emprego” no período de transição para outros projetos, o Executivo compromete-se a “garantir salários” até conseguirem um novo trabalho.

As garantias foram dadas pelo ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, este domingo em entrevista à SIC. Em reação ao fecho histórico da central do Pego e ao fim do uso de carvão em Portugal, o ministro foi questionado sobre as consequências sociais para os cerca de 150 trabalhadores que exercem funções naquela central, em Abrantes.

Portugal deixou definitivamente de usar carvão para produzir eletricidade

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“Estamos obviamente muito preocupados com o futuro profissional destes trabalhadores”, admitiu o ministro, acrescentando logo de seguida que “em conjunto com a empresa e as empresas que vão explorar este ponto de ligação de energia e os futuros projetos industriais” será possível “encontrar uma saída para eles”.

Para já, os trabalhadores continuam a “ter um patrão, que certamente os manterá enquanto o concurso estiver a decorrer, até meados de janeiro”, disse o ministro. O Governo abriu em setembro as candidaturas para o concurso público para a atribuição do ponto de injeção na Rede Elétrica de Serviço Público (RESP), atualmente ocupado pela Central Termoelétrica a carvão do Pego, cujo contrato acaba no dia 30 de novembro. “O procedimento concorrencial terá como objeto a adjudicação de um projeto exclusivamente focado na produção de energia de fontes renováveis e na redução de emissões de gases com efeito de estufa”, anunciava então o Executivo.

Entretanto, adiantou Matos Fernandes, “começam já as ações de conversa um a um” com os trabalhadores, “no sentido de os requalificar profissionalmente”, e a reunião com os sindicatos, marcada para esta terça-feira. Se mesmo assim, neste período até haver novos projetos industriais os trabalhadores ficarem sem emprego, cenário que o ministro acredita que não se colocará, deixa uma garantia: “O Governo está cá para garantir salários até terem novo emprego”, numa nova central de produção de eletricidade com base em fontes renováveis que deverá criar, segundo a expectativa do Governo, “600 a 700 postos de trabalho no Médio-Tejo”.

Na mesma entrevista, Matos Fernandes falou ainda dos “amargos de boca” que trouxe da conferência do clima (COP26) em Glasgow, na Escócia, incluindo os falhanços em antecipar o fim do carvão e em acabar com os subsídios “perversos” à produção de eletricidade com recurso ao carvão — que até à chegada deste Governo “não pagava ISP, uma amoralidade”, comentou o ministro. “Portugal vai depender cada vez mais do vento, água e sol, já responsáveis por 60% da eletricidade que consumimos”, rematou.