Depois de dias de intensa pressão internacional, a tenista chinesa Peng Shuai, que estava desaparecida desde dia 2 de novembro, quando acusou um vice-primeiro-ministro chinês de abuso sexual, apareceu pela primeira vez em direto numa chamada de vídeo, com o presidente do Comité Olímpico Internacional. Durante a chamada, a atleta terá assegurado que está “bem e a salvo”, na sua casa em Pequim, e pedido que a sua privacidade seja “respeitada”.
Segundo a nota publicada este domingo no site do Comité Olímpico Internacional, o presidente do organismo, Thomas Bach, juntou-se à presidente da Comissão de Atletas, Emma Terho, e à membro do Comité na China, Li Lingwei, que conheceu a tenista há muitos anos na Federação Chinesa de Ténis, para uma chamada por videoconferência, para ter pela primeira vez provas do paradeiro de Peng Shuai pela voz da própria.
Today, IOC President Thomas Bach, the Chair of the IOC Athletes’ Commission, Emma Terho @ELaaksonen3, and IOC Member in China Li Lingwei held a video call with three-time Olympian Peng Shuai from China. cc/ @Athlete365 https://t.co/8at0ZMrozS
— IOC MEDIA (@iocmedia) November 21, 2021
O Comité explica que a chamada durou trinta minutos e serviu para que a atleta agradecesse a “preocupação” com o seu bem-estar, assegurando que está bem na sua casa em Pequim e que prefere “neste momento” passar o seu tempo “com amigos e família”. “Ainda assim, vai continuar envolvida no ténis, o desporto de que gosta tanto”, acrescenta o texto.
Citada na mesma nota, Emma Terho diz-se “aliviada” por ver que a tenista está bem, “a principal preocupação” do Comité, e parece “descontraída”. “Ofereci-lhe o nosso apoio e contacto a qualquer altura que lhe seja conveniente, o que ela obviamente agradeceu”. No final da chamada, o presidente do Comité ainda convidou Peng Shuai para um jantar em janeiro, quando for a Pequim, com o resto dos participantes na chamada, “coisa que ela aceitou com satisfação”.
É a primeira vez que Peng Shuai é vista a falar em tempo real e a interagir com alguém desde que no dia 2 de novembro acusou o ex-vice-primeiro-ministro chinês Zhang Gaoli de abusar sexualmente dela, numa publicação na rede social Weibo. A mensagem desapareceu da internet 20 minutos depois, não havendo menções ao caso nem à tenista — ex-número um mundial em duplas — em qualquer meio de comunicação chinês.
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Ao longo dos últimos dias, aumentou a preocupação e a pressão internacional, tendo as Nações Unidas pedido provas, na sexta-feira, sobre as condições em que a tenista se encontra e o seu “paradeiro”, além de uma investigação “transparente” sobre as acusações que fez ao político chinês. Também a Associação de Ténis Profissional e a Women’s Tenis Association, organismo responsável pelo circuito internacional de ténis profissional feminino, mostraram preocupação com a tenista, tendo a WTA pedido “uma investigação completa, justa e transparente sobre as alegações de violência sexual”.
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Por entre a crescente pressão, foram aparecendo supostas provas do paradeiro de Peng Shuai. Esta semana, o presidente da WTA, Steve Simon, recebeu um email alegadamente enviado pela tenista a assegurar que estava bem e segura, mas o próprio disse duvidar de que tenha sido a tenista a escrever e enviar o e-mail. A isto somam-se as fotografias de Shuai a assinar bolas de ténis para fãs, divulgadas no Twitter, e um vídeo que mostra a tenista a jantar com amigos que mencionam a data (“hoje é 21 de janeiro”, diz um dos presentes) para comprovar que as imagens são atuais. No entanto, até a chamada com o presidente do Comité Olímpico Internacional não havia provas de que as imagens estivessem a ser transmitidas em tempo real.
Peng liderou o ranking mundial de duplas em 2012 e venceu em Wimbledon e Roland Garros, levando-a ao auge do ténis no seu país.