A Alemanha não vai receber os migrantes retidos na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia, garantiu esta segunda-feira o porta-voz do Governo alemão, em resposta ao apelo do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.

“A ideia de que pode haver um corredor humanitário para 2.000 migrantes” não é “uma solução aceitável para a Alemanha ou para a União Europeia (UE)”, afirmou o porta-voz do executivo alemão em exercício, Steffen Seibert, em conferência de imprensa realizada esta segunda-feira em Berlim.

Uma representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão confirmou, por sua vez, que os contactos diplomáticos com o regime bielorrusso continuam, através da embaixada da Alemanha em Minsk, mas negou que um possível acolhimento de migrantes e refugiados seja um dos temas em discussão.

A prioridade para o ministério é “evitar a instrumentalização de refugiados por Lukashenko”, explicou a porta-voz Andrea Sasse, citada pelas agências internacionais.

A representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão considerou “desumano” o comportamento das autoridades de Minsk e acusou a Bielorrússia de “instrumentalizar os migrantes para provocações”, defendendo que a situação “tem de acabar”.

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Lukashenko pediu à Alemanha que acolha cerca de 2.000 migrantes retidos na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia e acusou a UE de não facilitar uma solução para a crise migratória.

Na quinta-feira passada, a porta-voz da presidência bielorrussa, Natalia Eïsmont, afirmou que Minsk iria trabalhar para repatriar 5.000 dos 7.000 migrantes presentes na linha de fronteira e adiantou que a chanceler alemã cessante, Angela Merkel, tinha concordado negociar com a UE a criação de um “corredor humanitário” para levar os restantes 2.000 migrantes para a Alemanha.

Migrantes “preferem morrer a tiro na Polónia do que sofrer uma morte lenta na Bielorrússia”

A guarda fronteiriça polaca afirmou que, nas últimas 24 horas, foram registadas 346 novas tentativas de cruzar ilegalmente a fronteira a partir da Bielorrússia e que foram emitidas ordens de expulsão de 58 cidadãos estrangeiros.

A Europa acusa a Bielorrússia de criar artificialmente a crise migratória em curso, ao atrair com vistos de turismo milhares de migrantes — oriundos principalmente do Médio Oriente — e de levá-los para a fronteira, prometendo-lhes uma entrada fácil na Polónia, na Lituânia ou na Letónia, ou seja, no espaço da UE, como retaliação pelas sanções impostas ao regime de Lukashenko.

A Bielorrússia rejeita a acusação e acusa por seu turno a Polónia e a UE de violação dos direitos humanos por não acolherem os migrantes.