O PCP manifestou esta segunda-feira “grande preocupação” com o desfecho do processo e consequente encerramento da Dielmar e exigiu que o Governo assegure o pagamento dos salários de outubro aos trabalhadores daquela empresa de confeções.

“Com esta decisão do tribunal, quem fica uma vez mais a perder são os trabalhadores e as suas famílias, a freguesia de Alcains e o concelho de Castelo Branco”, referiu, em comunicado enviado à agência Lusa, o Secretariado da Direção Regional de Castelo Branco (DORCB) do PCP.

Na nota, os comunistas afirmaram ser insuficiente os “sucessivos anúncios de intenções para defender o interior” e disseram que são “precisas medidas concretas que o defendam”.

Adiantaram ainda que o Governo “tem a responsabilidade de intervir para salvaguardar a capacidade produtiva da região e os postos de trabalho”.

“É com grande preocupação que o PCP vê o desfecho do processo decretado pelo tribunal do Fundão no passado dia 10 de novembro e o consequente encerramento da empresa do setor têxtil Dielmar”, referiram os comunistas.

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O PCP manifestou “solidariedade aos trabalhadores” da Dielmar e à sua luta pela salvaguarda dos seus postos de trabalho e exigiu que o Governo recorra a todos os instrumentos para assegurar urgentemente o pagamento dos salários em atraso do mês de outubro.

Dada a importância económica e social desta empresa na região de Castelo Branco, os comunistas explicaram que o Governo “deve continuar a desencadear todos os instrumentos ao seu alcance para viabilizar” Dielmar e “assegurar os postos de trabalho e o cumprimento dos direitos dos trabalhadores”.

Os comunistas prometeram ainda continuar a intervir para denunciar aquilo que consideram ser “mais um exemplo em que opções de gestão, em nada relacionadas com a produção, colocam em causa direitos dos trabalhadores, destroem postos de trabalho qualificados e infligem mais um rombo na capacidade produtiva nacional que tanta falta faz ao país e a Castelo Branco”.

Por último, apelaram à unidade dos trabalhadores da empresa e expressaram solidariedade com a sua luta.

O Juízo de Comércio do Fundão, do Tribunal Judicial da Comarca de Castelo Branco, notificou, no dia 15, o administrador da insolvência da empresa de confeções Dielmar para que proceda à liquidação da massa insolvente “com a maior brevidade possível”.

O juiz decidiu ainda que o administrador da insolvência, “no um prazo máximo de 90 dias, deverá apresentar relatório atualizado acerca das diligências levadas a cabo”.

Esta decisão surgiu depois de a assembleia de credores da Dielmar ter decidido, em 10 de novembro, o encerramento definitivo do estabelecimento e ter dado cinco dias aos credores para se pronunciarem sobre uma proposta de compra da sociedade Valérius, no valor de 250 mil euros.

Afinal o que aconteceu agora à Dielmar?

Fundada em 1965, em Alcains, no concelho de Castelo Branco, por quatro alfaiates que uniram os seus conhecimentos, a Dielmar, que empregava atualmente mais de 300 trabalhadores, pediu a insolvência ao fim de 56 anos de atividade, uma decisão que a administração atribuiu aos efeitos da pandemia de Covid-19.

A Dielmar pediu a insolvência no dia 2 de agosto, tendo o Juízo de Comércio do Fundão da Comarca de Castelo Branco declarado a insolvência da empresa no dia seguinte.

Depois da rescisão de contratos para os trabalhadores das lojas e da não renovação dos contratos a termo, a empresa tem ainda cerca de 245 trabalhadores.