Em 28 jogos diante de equipas alemãs nas competições europeias, o Sporting tinha somado só duas vitórias (e só uma serviu para passar à fase seguinte); esta noite, ganhou e apurou-se para os oitavos da Champions. Em todas as participações na fase de grupos da Liga dos Campeões, o Sporting conseguira no máximo um total de 12 golos na mesma época; esta noite, com mais três, igualou esse registo e ainda tem pelo menos mais três encontros pela frente. Em todos os registos na Liga milionária ou na antiga Taça dos Clubes Campeões europeus, o Sporting só por duas vezes conseguira ganhar três encontros consecutivos; esta noite, alcançou também a terceira vitória seguida e ainda tem essa série em aberto para Amesterdão.

Não foi JackPote, foi Euromilhões para a história (a crónica do Sporting-B. Dortmund)

O rol de feitos podia continuar naquela que foi a décima vitória consecutiva dos leões olhando para todas as provas (Campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e Champions), também isso um registo que entrou nas terceiras melhores sequências do clube a duas dos registos de Galloway em 1951/52 e de Fernando Vaz em 1969/70 (só Robert Kelly conseguiu 16 em 1946/47 com os Cinco Violinos), mas tudo se resumiu a dois pontos que nesta prova milionária andam sempre juntos: a vertente desportiva e a parte financeira. E se neste último a vitória diante do B. Dortmund conferiu mais 12,3 milhões (2,7 milhões pelo triunfo, 9,6 milhões pelos oitavos) que não estavam orçamentados e serão um balão para as contas, o Sporting conseguiu apenas pela segunda vez na história entrar nas 16 melhores equipas europeias. E a festa foi grande.

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Depois do apito final, também Rúben Amorim prolongou esse estado de espírito manifestado sobretudo na altura do terceiro golo de Pedro Porro. No entanto, foi por meros segundos. O técnico serenou, foi em direção ao banco dos germânicos para cumprimentar Marco Rose, seguiu para o balneário. O objetivo estava mais do que cumprido mas já pensava no que aí vem com mensagens para aquilo que virá. E foi nesse momento da zona de entrevistas rápidas que o treinador leonino voltou a deixar um mote para o futuro.

Não vou ao balneário antes de passar pelas entrevistas e aqui os agradecimentos são para eles [jogadores]. Que vivam o momento, sabendo que amanhã há treino. Passámos aos oitavos, não é normal no Sporting, mas tem de ser habitual. Mas para isso, para sermos habitués aqui, ainda falta muito”, sublinhou Rúben Amorim na flash interview da Eleven Sports.

Por um lado, um aviso de que a distância entre o Sporting e as equipas mais batidas da Champions ainda é grande; por outro, a mensagem de que é possível inverter aquilo que tem sido a história do clube e estar mais vezes nos oitavos (ou até mais) da competição. O treinador voltou a ser fiel ao discurso ambicioso mas com os pés bem assentes na terra, colocando sempre o mérito nos outros. “Os homens do jogo são os que estiveram em campo e na bancada. Um ambiente incrível, num jogo em que soubemos compreender os momentos. O Pote faz os golos, mas os outros fizeram um grande jogo, deram tudo. O pessoal que entrou ajudou muito a equipa. Não se pode resumir a um, somos todos, tanto jogadores como adeptos”, destacou.

“A equipa cresceu, adaptou-se. Hoje jogou contra uma grande equipa, que nos empurrou lá para trás, que até jogou melhor do que na Alemanha, mas nós também fomos muito melhores. As equipas crescem. É um pequeno passo para a ideia geral do clube, aqueles pequenos passos que falámos na antevisão. Não muda assim tanto. Estamos nos oitavos, é ótimo, bom para o projeto, mas ainda temos muito para fazer. O jogo com o Ajax foi especial. Começámos a perder, com uma grande equipa que só tem vitórias… Não éramos a equipa que perdeu 5-1… Uma equipa que trabalha muito, humilde… É esta a nossa imagem. Mesmo em Dortmund fomos mais nós. Estamos felizes pelo apuramento mas é um pequeno passo”, concluiu.