O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, criticou esta quarta-feira os políticos que atacam o Centro Internacional de Negócios da região (CINM), considerando que “dão tiros nos pés”.

“Alguns políticos portugueses gostam de dar tiros nos pés”, disse o líder do executivo aos jornalistas, à margem da visita que efetuou esta quarta-feira a uma empresa responsável pela gestão de 90% das embarcações inscritas no Registo Internacional de Navios da Madeira — MAR.

O presidente do Governo Regional, de coligação PSD/CDS, salientou que a Madeira “está sempre a lutar” na defesa das valências da Sociedade de Desenvolvimento da Madeira, entre as quais o CINM e o MAR, tendo de concorrer com praças como as da Holanda, Luxemburgo, Chipre, Malta ou Londres.

Albuquerque argumentou que quando as empresas não ficam no Centro de Negócios da Madeira “vão para outro lado” e recordou que no tempo do Governo do PS liderado por José Sócrates, quando ocorreu o aumento do Imposto Sobre Valor Acrescentado (IVA), “houve um conjunto de empresas que saíram da Madeira e foram para o Luxemburgo”.

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Evidentemente, temos todo o interesse em termos o CINM a funcionar porque existem 4.000 profissionais, além da receita fiscal à volta de 108 milhões de euros, que podia ser de 200 ou 300 milhões”, sublinhou.

Para Albuquerque, o CINM tem como problemas a necessidade de enfrentar a “grande concorrência” e “precisar do Estado português para fazer um lobby na defesa dos interesses da Zona Franca”.

“Temos a tendência portuguesa de dar tiros nos pés e aquela ideia provinciana que temos de dar o exemplo”, afirmou. Mas, no seu entender, o que é “fundamental” é ser “competitivo, crescer e criar empregos“, apontando ainda ser necessário defender os empregos dos jovens madeirenses que estão ligados à atividade da Zona Franca.

Albuquerque destacou o “contributo decisivo e fundamental” da empresa que visitou, indicando que “90% dos navios registados no Registo Internacional de Navios são geridos e são trazidos pela Euromar”. Esta é, acrescentou, “uma empresa madeirense com profissionais altamente qualificados”.

O governante realçou que o MAR “é um registo de navios nacional”, o quarto mais importante a nível europeu, responsável por 600 embarcações porta-contentores que navegam com bandeira portuguesa e representa cerca de “24 milhões de tonelagem de arqueação bruta”.

A Euromar, “além das consequências positivas do ponto de vista financeiro e económico, também tem um protocolo com a Escola Infante D. Henrique”, podendo os alunos integrar as tripulações destes navios.

Miguel Albuquerque enfatizou o trabalho que tem sido feito para ultrapassar as burocracias exigidas ao MAR, nomeadamente as impostas para a criação do registo a funcionar a 24 horas e a questão da guarda armada a bordo dos navios sobretudo quando passavam ao largo da Somália.

“E à medida que vão surgindo os problemas nós vamos resolvendo”, assegurou, realçando que a Madeira tem, “neste momento, um registo de navios dos mais conceituados e prestigiados” e um conjunto de “armadores de primeira linha mundial” têm os seus navios registados na Madeira.