A UGT considerou esta quinta-feira que a falta de mão de obra em vários setores se deve aos baixos salários e condições de trabalho e defendeu a necessidade de uma política de crescimento salarial para o país.

Numa resolução aprovada na reunião do Secretariado Nacional da UGT, realizada em Lisboa, a central sindical criticou o “discurso de constantes queixas sobre a falta de mão-de-obra em vários setores sem insistir na necessidade de discutir as causas frequentes dessa escassez”.

Ou estamos crentes de que os salários baixos, as reduzidas condições de trabalho, a fraca valorização das carreiras profissionais pela insistência numa negociação coletiva anémica e a não valorização das qualificações são alheios a tal falta de mão-de-obra e até à saída do país de muitos milhares de jovens todos os anos?”, interrogou a UGT.

Para alterar a atual situação, a central sindical defendeu que “o país tem de ter uma política de rendimentos que permita o crescimento de todos os salários”, que não pode “esgotar-se no aumento do salário mínimo”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A UGT considerou ainda que a “luta contra os problemas estruturais do país — os baixos salários, a precariedade excessiva e abusiva, os bloqueios à negociação coletiva – não pode parar”.

“A concretização da Agenda do Trabalho Digno, discutida em sede de concertação social, ainda que com limitações, pretende responder a tais desafios, ou a discussão sobre as alterações necessárias a medidas (sempre entendidas como de mera resposta a um já longínquo contexto extraordinário e, como tal, transitórias) que continuam a desequilibrar alguns aspetos da nossa legislação laboral tem de ter lugar”, defendeu.

Para a UGT, “a concretização dos Acordos de Concertação Social, compromissos políticos que vinculam todos os governos, não pode ser adiada sob o pretexto do atual quadro político“.

Aproveitando que está em curso a discussão do aumento do Salário mínimo nacional para 2022, a central reiterou a sua posição, defendendo que este deve ser fixado em 715 euros em janeiro de 2022 e que deve chegar aos 1.000 euros na próxima legislatura.

A UGT considerou que é altura de deixar de associar o aumento do salário mínimo a medidas de apoio aos empregadores.

“O contexto excecional que motivou tais medidas há muito que desapareceu e as mesmas perderam razão de ser”, disse na resolução aprovada, acrescentando que uma eventual “disponibilidade orçamental para medidas excecionais de apoios aos empregadores deve levar a igual disponibilidade para medidas excecionais de valorização dos rendimentos do trabalho, como o aumento extraordinário de pensões”.

A UGT defendeu ainda a construção de uma Administração Pública com futuro, com um vínculo laboral único, com carreiras e salários dignos, com um sistema de avaliação mais justo e sem quotas, dotada de trabalhadores mais motivados, e instou os partidos políticos a integrarem nos programas eleitorais para as eleições de janeiro medidas que pretendem ver incluídas num futuro Orçamento do Estado, “que seja melhor para os trabalhadores da Administração Pública”.

“Face à difícil situação laboral e às justas reivindicações dos Trabalhadores do Setor Financeiro em Portugal”, a UGT repudiou “a teimosia e recusa persistentes reveladas pelos bancos” relativamente a aumentos salariais dignos, negociação coletiva séria, célere e com eficácia nos resultados, reposição de direitos perdidos, fim dos despedimentos coletivos.

A central sindical considerou “vergonhosa e humilhante” a proposta da banca de aumentos salariais de 0,4%, após meses de negociações, e juntou-se aos trabalhadores bancários e aos seus sindicatos apelando ao fim imediato dos despedimentos coletivos, a aumentos salariais que reponham o poder de compra e ao respeito rigoroso pelos horários normais de trabalho.