O líder do Chega afirmou esta quinta-feira estar tranquilo com o voto favorável do partido ao Orçamento açoriano, tendo-lhe sido transmitido que foram aceites “todas as condições impostas”, apesar de manter “dúvidas” quanto ao cumprimento do acordo.

Em declarações à Lusa, André Ventura salientou que, de acordo com o que o deputado do Chega/Açores lhe transmitiu, o Governo regional “aceitou todas as condições impostas” pelo partido, mostrando-se, por isso, “tranquilo” com o voto favorável ao Orçamento Regional dos Açores, aprovado na quarta-feira.

“Se é assim, se o Governo dos Açores cedeu em toda a linha, também não nos ficaria bem dizer ‘bom, então assim chumbamos à mesma’. Portanto, vamos ver, eu tenho as minhas dúvidas, mantenho as minhas dúvidas”, salientou.

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Questionado se não há uma incoerência na sua posição, visto que tinha justificado o voto contra o Orçamento regional sustentando que, se o PSD nacional não queria fazer um acordo com o Chega a nível nacional, também não o poderia exigir a nível local, André Ventura respondeu que, no acordo com o PSD Açores, tinha também sido exigida “uma mudança de atitude da parte do PSD”, sendo que isso “aparentemente foi aceite também”.

Isso estava como parte do pressuposto, de que o PSD Açores faria a sua parte nessa mudança de espírito e de relacionamento. Aparentemente isso foi aceite”, destacou.

Apesar disso, André Ventura salientou que tem “pouca” esperança que o PSD nacional mude de atitude, mas afirmou que é preciso esperar para ver “como é que as coisas correm”.

“O PSD, e sobretudo o PSD Açores, deu essas garantias, segundo me foram transmitidas. Vamos ver se cumprem ou não cumprem. Também se não cumprem sabem – e foi dito pelo próprio Chega Açores — que é a última oportunidade”, salientou.

Na quarta-feira, o deputado único do Chega nos Açores, José Pacheco, votou a favor do Orçamento Regional dos Açores, afirmando que o “Governo aceitou as condições estabelecidas” e “o respeito exigido foi alcançado”.

No mesmo dia, o presidente do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), José Manuel Bolieiro, recusou ter “cedido nos princípios” ou perdido “coerência” devido ao diálogo com outras forças políticas para viabilização do Orçamento para 2022, assegurando não ter medo de eleições.

O voto favorável do Chega/Açores surgiu depois de, na semana passada, a direção nacional do Chega ter pedido ao partido para retirar o apoio ao Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM).

A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 eleitos e a coligação de direita (PSD/CDS-PP/PPM), com 26 deputados, precisa de mais três parlamentares para ter maioria absoluta.

A coligação assinou um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD com a Iniciativa Liberal (IL).