Os trabalhadores da Algar, empresa de valorização e tratamento de resíduos sólidos que opera no Algarve, vão cumprir dois dias de greve, na segunda e terça-feira, por aumentos salariais para todos os trabalhadores, disse fonte sindical.

A decisão de avançar para a greve foi tomada esta semana em plenários de trabalhadores, depois de “a proposta de atualização salarial apresentada pela empresa” ter sido recusada porque “deixava de fora quase 50%” dos trabalhadores, justificou o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE Sul).

Segundo Eduardo Florindo, os cerca de 400 trabalhadores da empresa “já tinham decidido que iam para greve nos plenários feitos em outubro, nos dias 24, 25, 26 e 27, e “agora, nos plenários de 23, 23, e 24 de novembro, confirmaram essa decisão”, apesar de a empresa ter apresentado uma proposta de atualização salarial.

“Mas, mesmo assim, essa proposta deixa de fora quase 50% dos trabalhadores da empresa, o que para nós e para os trabalhadores é inadmissível”, argumentou o dirigente sindical, esclarecendo que os funcionários “com mais antiguidade ficavam mais um ano — e já vão para o terceiro ano — sem atualização salarial” e a oferta da Algar “só abrangia os salários mais baixos”.

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O coordenador disse que o sindicato “está de acordo que se aumentem os salários mais baixos”, mas advertiu que “também os outros trabalhadores não podem ficar de fora mais um ano“.

Por outro lado, acrescentou o dirigente sindical, “a empresa também não respondeu positivamente, nem com proposta concretas e objetivas, às outras reivindicações dos trabalhadores, sem ser o aumento salarial”.

Entre essas revindicações estão “o subsídio de risco, que é uma das questões pela qual os trabalhadores se batem”, uma vez que “lidam diretamente com os resíduos, onde encontram de tudo, desde cobras vivas, a sangue ou a seringas“, exemplificou.

Os trabalhadores aspiram também a conseguir o “aumento do subsídio de refeição, que já há uns anos não tem atualização, assim como o pagamento do trabalho suplementar“, acrescentou.

O coordenador do SITE Sul previu uma “grande adesão na parte da triagem, quer em São Brás de Alportel, quer em Portimão”, mas reconheceu que “na recolha dos ecopontos na rua vai de certeza haver carros da Algar a circular, porque há serviços mínimos a garantir“.

A greve inicia-se às 00h00 de segunda-feira e termina às 24h00 de terça-feira e, nos dois dias, trabalhadores e sindicalistas têm marcadas concentrações a partir das 07h00, junto às portarias da estação de transferência de Faro-Loulé e do aterro sanitário do barlavento, em Portimão, anunciou o sindicato.

Também os trabalhadores da Amarsul marcam greve por melhores salários e condições laborais

Os trabalhadores da empresa Amarsul — Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, realizam igualmente uma greve de uma semana ao trabalho suplementar, a partir das 00h00 de sábado, e ao trabalho normal de cinco dias, a começar na segunda-feira.

Os trabalhadores da empresa, que presta serviços em municípios da Península de Setúbal, reivindicam o aumento geral dos salários bem como do subsídio de refeição e de transporte em vigor na empresa.

A greve foi decretada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionarias e Afins e pelo Site-Sul — Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul.

Em comunicado, os dois sindicatos explicam que os trabalhadores lutam ainda pela reversão imediata dos cortes efetuados no subsídio de turno, pela passagem ao quadro de todos os trabalhadores com vínculo precário a ocupar postos que correspondem a necessidades permanentes da empresa, pela redução do período normal de trabalho, pelo regresso ao direito ao dia de Carnaval como feriado obrigatório e pelo direito a um período mínimo de férias de 25 dias úteis.

Os trabalhadores reivindicam ainda a criação de um subsídio de insalubridade, penosidade e risco e de um subsídio de risco rodoviário.

A greve ao trabalho normal será a partir das 00h00 do dia 29 de novembro até às 24h00 do dia 3 de dezembro, abrangendo todos os trabalhadores ao serviço da Amarsul — valorização e tratamento de resíduos sólidos.

A greve ao trabalho suplementar inicia-se às 00h00 do dia 27 de novembro, prolongando-se até às 24h00 do dia 4 de dezembro.

Para os trabalhadores cujo horário de trabalho se inicie antes das 00h00 do dia 29 de novembro, o aviso prévio de greve começa a produzir efeitos a partir da hora em que tem início a jornada de trabalho.

Tendo em conta a garantia dos serviços mínimos, as estruturas sindicais propõem uma equipa de recolha seletiva, composta por um motorista e um operador, por turno, para cada um dos Ecoparques do Seixal de Palmela, à semelhança de igual decisão emitida num acórdão do Tribunal Arbitral a propósito de uma greve realizada na ResiNorte que, à semelhança da Amarsul, presta os mesmos serviços de recolha e tratamento de resíduos.

Os sindicatos propõem ainda um trabalhador com a categoria de operador de veículos especiais por cada um dos aterros existentes na empresa, por cada turno, para a realização das tarefas ligadas à deposição de resíduos em aterro.

Para a Central de Valorização Orgânica não são propostos serviços mínimos.

A Amarsul — Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos S.A., constituída em 1997, tem a concessão de exploração e gestão do Sistema Multimunicipal de Tratamento e de Recolha Seletiva de resíduos urbanos da Margem Sul do Tejo, até 2034.

A empresa é responsável pelo tratamento e valorização dos resíduos urbanos dos nove municípios da Península de Setúbal (Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra e Setúbal).

Em julho de 2015, a Amarsul passou a integrar o grupo Mota Engil por via da aquisição da Empresa Geral de Fomento (EGF), detentora de 51% do capital social da Amarsul.

Num comunicado enviado à agência Lusa, a Câmara do Barreiro refere que com a greve prevê-se que todas as recolhas efetuadas pela empresa nos ecopontos possam sofrer atrasos significativos e que irá tentar reforçar a recolha de resíduos seletivos, que, eventualmente, sejam deixados na via pública.

A Câmara Municipal do Barreiro refere ainda que, alheia a esta situação, conta que possa haver constrangimentos na entrada em aterro para descarregar as viaturas de recolha.