Depois de uma noite de glória europeia em Alvalade a meio da semana, com uma vitória clara por 3-1 frente ao Borussia Dortmund e a passagem aos oitavos de final da Liga dos Campeões, o Estádio de Alvalade recebia este domingo o Tondela, no regresso dos leões à realidade nacional. Foi uma heroica noite dos leões, de Pedro Gonçalves, Porro e companhia, também de Rúben Amorim e da sua equipa técnica, mas sobretudo de quem interessa mais: os adeptos do Sporting. Dez vitórias consecutivas, 12 nos últimos 13 jogos, sete em casa, golos marcados em todos os jogos caseiros esta temporada. Era com um ímpeto significativo que Alvalade via os seus rapazes entrarem em campo contra os tondelenses.

Em destaque, para variar, estava Pedro Gonçalves, um autêntico Pote de milhões de euros para os cofres do Sporting, depois de bisar frente ao Dortmund. O avançado dos leões, que aos 23 anos é um dos jogadores mais influentes da equipa orientada por Amorim, leva 11 golos em 14 jogos. Sobre o seu atleta, Rúben Amorim, num estilo que tem sido seu apanágio, disse: “O Pote [Pedro Gonçalves] tem essa característica de fazer golos, mas olho mais para o jogo dele e a verdade é que não estava a fazer um bom jogo, estava desaparecido, precipitado até. Mas olho da mesma forma do que quando esteve sete jogos sem marcar e jogava bem. Marcou dois golos [na quarta-feira], mas pode fazer muito melhor. Tem de trabalhar nesse sentido e foi isso que fez durante a semana”.

Com os leões a tentarem chegar novamente ao primeiro lugar, depois da vitória do Benfica e daquilo que se passou no jogo com o Belenenses-SAD, o treinador do Sporting admitiu que, com a passagem aos oitavos da Liga dos Campeões e o dérbi contra o Benfica aproximar-se, pode não ser fácil mudar o chip aos jogadores, “por mais que os treinadores avisem”. “Confio em todos e quem não estiver bem com o Tondela não vai jogar com o Benfica. Essa é a maior motivação que podem ter. Volto a dizer: basta um empate e podemos estragar tudo o que construímos nos últimos meses, portanto, temos de ganhar”, frisou o líder dos leões que deixa para trás a “noite especial” vivida contra o Dortmund, porque “o futuro é ganhar ao Tondela”.

“Se alguma coisa acontecer, algum mau resultado com o Tondela, e a equipa der tudo, não há problema. Se tivermos um comportamento que não está de acordo com a grandeza do Sporting, aí sim, os jogadores podem perder o lugar”, disse de forma clara.

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Do lado dos beirões, a situação estava bastante complicada. Em pleno dia de jogo, (mais) um caso de Covid-19 a juntar àqueles que já existiam no plantel do Tondela, ao qual se acrescentava a infeção do treinador, o espanhol Pako Ayestarán. Ricardo Alves, defesa central que deixou a equipa apenas com um central de raiz, juntou-se a Salvador Agra, Manu Hernando e Babacar Niasse, todos infetados com Covid-19. E foi o único central de raiz, Sagnan, que jogou em dupla com Pedro Augusto, médio-defensivo adaptado ao eixo da defesa beirã.

Do lado de Alvalade, Rúben Amorim apostou em Nuno Santos, Esgaio e Neto, nos lugares de Matheus Reis, Porro e Feddal.

E como era de esperar não se notou que Amorim tivesse trocado os alas, porque o Sporting entrou muito expedito ofensivamente, pressionando também a equipa adversária, que não conseguia encetar passes curtos, tentando o jogo longo, mas sem conseguir completar lances de ataque. Do outro lado, os leões recuperavam a bola subidos no relvado, e com poucos minutos de jogo já Gonçalo Inácio tinha aparecido em boa posição à entrada da área, mas colocou a bola na bancada. Não criou perigo à baliza de Trigueira, mas mostrava bem como vinha o Sporting, com um central a chegar facilmente a uma segunda bola perto da área.

O mesmo Trigueira ainda foi obrigado a voar para um par de cruzamentos, porque o Sporting conseguiu explorar, como é normal no seu jogo, as laterais. O guarda-redes do Tondela não conseguiu, no entanto, parar um remate de Sarabia em cima dos 10′. Estava feito o 1-0. Numa jogada que foi ao VAR, a bola terminou dentro da área em Paulinho, que rematou contra um adversário. Depois, foi Khacef que tocou na bola e esta sobrou para Sarabia, que fez o seu primeiro golo na I Liga. O lance foi ao videoárbitro porque não era claro se tinha sido um jogador do Sporting a tocar na bola ou Khacef. Foi considerado golo e o Sporting concretizada assim um bom início de jogo.

No entanto, depois de Dadashov, de livre, rematar ao lado da baliza de Adán, o guarda-redes espanhol do Sporting foi obrigado a sair um par de vezes da baliza para cortar lances de perigo, porque o Tondela começou a atacar as costas da defesa do Sporting, mas agora tinha a bola no pé mais perto e mais vezes. Foi mesmo o Tondela que conseguiu estar melhor no encontro, com o Sporting a ter uma posse de bola muitas vezes infértil e até mostrando estar demasiado relaxado. Tanto assim foi que a vibe passou para os adeptos.

Destaque ainda para um corte fantástico de Neto, quando Murillo se preparava para rematar na cara de Adán (25′). Até ao intervalo o Sporting não criou mais perigo e os remates ficaram-se mesmo pelo golo. O Tondela com bola estava bem, faltavam mais lances de perigo. Com toda a calma leonina, chegaríamos ao intervalo.

Já no arranque do segundo tempo, o Sporting não teve calma nenhuma. Passados 5 minutos, Sarabia aparece bem na esquerda, remata cruzado e Trigueira defende. A bola chega a Pote que tinha tudo para fazer (mais um) golo, mas deixou passar um adversário com muita classe e serviu Paulinho, que já a cair conseguiu colocar a bola na baliza. O Sporting entrou com tudo, com golo e acordou novamente o público. 2-0 a faltarem 40 minutos e, sem desprimor para a equipa da Beira, um jogo teoricamente mais descansado a partir deste lance.

Com o jogo controlado (o Tondela apenas criaria perigo por volta dos 70′), Rúben Amorim viu surgir uma dor de cabeça: podia ter sido uma substituição simples, sair Palhinha e entrar Ugarte, mas o internacional português saiu lesionado, com queixas e, adicionalmente, em lágrimas. É uma incógnita, mas a reação de João Palhinha não deixa antever coisas boas. Para bem do Sporting e do bom futebol, espera-se em Alvalade que não seja nada de especial e que o jogador possa, claro, defrontar o Benfica.

O Sporting acaba por vencer confortavelmente, mesmo com relax a mais no primeiro tempo, mas beneficiou de duas entradas de rompante que viriam a decidir o jogo. Regressam os leões ao primeiro lugar, esperando lá, ou não, pelo FC Porto, que ainda não jogou. Há um imperial Coates, há um motor Matheus Nunes, o perigo criativo que Sarabia foi criando e a estreia de Nazinho na I Liga. Mas há também as lágrimas de Palhinha, que pode fazer muita falta no jogo com o Benfica, já no final da próxima semana.

Os três pontos desta noite ficaram em Alvalade, está na Luz a próxima palavra leonina.