Mesmo aos 35 anos, chegou à capital francesa como um dos grandes reforços do PSG para esta época. Chegou também Messi, já havia Neymar e Mbappé, mas Sergio Ramos é uma figura do futebol espanhol e mundial, aterrando no verão deste ano aos parisienses, em mais uma temporada de ataque à tão almejada Liga dos Campeões e o regresso ao título francês. No entanto, muito tempo esperaram os adeptos da Cidade Luz para ver o internacional espanhol com a camisola da equipa do Parque dos Príncipes. Apenas este domingo, no campo do Saint-Étienne, recordista de títulos da Ligue 1, o central conseguiu mostrar-se aos seus novos fãs, cerca de quatro meses depois de chegar, após ser convocado pela primeira vez a meio da semana para a Champions. Foram várias as recaídas de lesões que Sergio Ramos sofreu e muitos já torciam o nariz à contratação forte que nunca mais se concretizava.

Tanto assim foi que, além da insatisfação dos adeptos que foi sendo relatada, o L’Equipe noticiou a dada altura, já durante este mês de novembro, que o próprio líder Nasser Al Khelaïfi estava a perder a paciência com a situação e revelava-se “incomodado”. Ao desportivo francês, fonte próxima do clube e do jogador disse então que o jogador estava a “evoluir bem”, mas que nunca “se pensou que demoraria tanto, pelo contrário, um mês ou dois e não quatro”. “Mas agora Sergio está no caminho certo e está tudo claro entre ele e o clube. Estamos todos convictos de que ele vai jogar novamente e mostrar um grande nível”, acrescentou, passando ao lado de uma possível rescisão que terá mesmo sido ponderada.

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Passando então praticamente duas semanas dessas declarações, Ramos apareceu no mesmo onze inicial do que Marquinhos, Di María, do português Danilo, Neymar, Mbappé ou, claro, Messi. E Leo admitiu recentemente ao jornal Marca que foi “estranho” ter o antigo (e muitos pensaram que eterno) rival espanhol como colega de equipa. Foram muitos os momentos intensos entre os dois em Espanha, ao serviço de Barcelona e Real Madrid. “Agora é tudo normal, mas no início foi estranho depois de tantos anos como rivais, sendo capitães de Real Madrid e Barcelona, e depois de tantos clássicos disputados. Mas isso ficou no passado, além de que sempre nos respeitámos. Tê-lo como colega agora é espetacular. Pouco a pouco ele está a voltar à forma e espero que jogue o mais rápido possível. Vai ser um jogador fundamental para lutarmos pelos nossos objetivos. Sempre tive colegas que jogavam com ele na seleção espanhola, agora pude mesmo ver que é uma grande pessoa”.

O próprio Sergio Ramos, à Amazon Prime Video, admitiu momentos “difíceis” e de “solidão”. “Treinas várias horas no ginásio com o fisioterapeuta e com o preparador físico. Tens constantemente pensamentos negativos que às vezes te fazem duvidar. Acho que posso continuar a jogar por mais quatro ou cinco anos. O mais importante é que a cabeça aguente. Espero não ter mais problemas físicos”, referiu o central espanhol. Mas tudo parecia correr bem, porque até o treinador Pochettino (o tal que vários rumores já tiraram de Paris) disse que o no clube todos estão “contentes com a sua evolução”. “Já leva um par de semanas a treinar com a equipa e agora precisa de competir. Veio da liga espanhola e não compete há vários meses. A liga francesa é completamente diferente, vamos ver como se adapta. É uma questão de ver como se vai adaptar a uma nova realidade”, frisou o técnico argentino. E essa nova realidade arrancou já este domingo.

No estádio do Saint-Étienne, que está aflito nos últimos lugares da Ligue 1 e não ganha aos parisienses desde 2012, a equipa do PSG não entrou nada mal, sem Nuno Mendes, mas com Danilo, que segurava com Gueye o meio-campo para Di María, Neymar, Messi e Mbappé tentarem causar estragos na defesa da equipa da casa. Os visitados percebiam bem ao que vinham, mas num jogo como estes, ao fim ao cabo, tinham pouco a perder e tudo a ganhar, nem que fosse com um possível empate. Assim, o Saint-Étienne entrou a tentar pressionar alto, impedir a construção parisiense e, mesmo quando Marquinhos e Ramos jogavam muito subidos, bem dentro do meio-campo adversário, os jogadores da casa não davam espaço na profundidade.

Neymar chegou a colocar a bola dentro da baliza, em fora de jogo, mas foi o Saint-Étienne a aproveitar uma bola parada para se colocar em vantagem aos 25′, confirmando a atenção e concentração da equipa de Claude Puel no jogo. A bola sobrou para o avançado Khazri, que colocou bem de trivela a bola na área. Bouanga, no segundo remate da equipa da casa, fez o 1-0. O golo deixou em êxtase os adeptos do Saint-Étienne que festejavam como se de um golo se tratasse qualquer saída para o ataque ou até roubos de bola a Messi ou Mbappé. Havia também uma espécie de silêncio e respeito quando os quatro da frente de ataque do PSG tentavam lances de 1×1. “Vamos ver o que fazem estes foras de série”, pensariam os adeptos…

Os mesmos adeptos que veriam o seu defesa Kolodziejczak ver vermelho direto em cima do intervalo por falta sobre Mbappé. Acabados de sofrer uma expulsão, os jogadores da casa viram ainda Messi cruzar para Marquinhos marcar de cabeça. Foi com um golo sofrido e menos um jogador que a equipa de Claude Puel foi para o intervalo, com os adeptos que estavam a criar um ambiente fantástico a ficarem mais silenciosos.

E o silêncio tornou-se praticamente total a cerca de dez minutos do final. Depois de um festival de golos falhados por parte do PSG perante os dez homens do Saint-Étienne e de uma grande exibição do guarda-redes inglês EtienneGreen frente aos craques da capital francesa, o 2-1 acabaria mesmo por chegar através da magia argentina: Messi fintou um defesa e soltou em Di Maria, que na cara do guarda-redes, com muita calma, fez o segundo golo do líder do campeonato francês, que lidera com mais 14 pontos que o Nice e mais 15 do que Rennes (com menos um jogo) e Lens.

Até ao final, destaque para a lesão sofrida por Neymar, que torceu de forma violenta o pé esquerdo e saiu de maca muito, mas muito queixoso, para apreensão dos colegas, do treinador Pochettino e do diretor desportivo Leonardo, visto muito preocupado na bancada. Já em cima do apito final, Marquinhos bisou de cabeça após cruzamento de Messi.Estava fechado o resultado com um bis do brasileiro e três assistências de Leo, que ficará a saber esta segunda-feira se ganhará a sétima Bola de Ouro.

O PSG ganhou com dificuldades, mas não fez um mau jogo, embora por vezes lento e denunciado, perante a um adversário que se viu obrigado a uma atitude completamente diferente na segunda parte ao jogar com menos um homem. No primeiro tempo a réplica do Saint-Etiénne foi certamente agradável para os seus adeptos, mas mais uma derrota é sempre mais uma derrota. Sergio Ramos estreou-se com uma vitória e um jogo seguro, onde não teve, de forma pelo menos direta, muito trabalho. E sim, fez um par de lances “à Sérgio Ramos”, a atacar e a defender…