As duas derrotas consecutivas na Serie A, na receção ao AC Milan e na deslocação a Veneza, atrasaram a Roma na sua caminhada no início da nova era José Mourinho e tiraram a equipa dos lugares de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, onde estava desde o arranque da prova. Mas esse não era o único problema do treinador português, longe disso: houve a maior derrota da carreira com o Bodo/Glimt (que foi depois ao Olímpico empatar), o “riscar” de alguns elementos pela exibição feita na Escandinávia, os despiques com a imprensa, as críticas à arbitragem. Agora, tudo parecia voltar à normalidade.
Por um lado, os dois triunfos consecutivos e sem sofrer golos que traziam outra confiança à equipa, na deslocação a Génova para a Serie A (2-0) e na receção ao Zorya da Conference League (4-0). Por outro, o lançamento de novos jogadores que mostraram que faz sentido falar de um projeto a médio prazo perante a qualidade que começa agora a despontar, casos de Félix Afena-Gyan, de 18 anos, (que recebeu até como prometido pelo técnico umas botas de 800 euros pela entrada demolidora em campo que deu o triunfo em Génova) e de Filippo Missori, de 17 anos (que recebeu a bola de jogo e um abraço do português).
“O primeiro sinal positivo que a equipa mostrou foi a responsabilidade de vencer o Zorya e continuar em prova. Jogámos bem desde o primeiro minuto e podíamos ter marcado seis ou sete golos. Eles não são uma equipa de alto nível mas são agressivos e têm qualidade individual”, comentou Mourinho após o último triunfo, visando depois a imprensa: “Gostava de pedir aos meios de comunicação em Roma que não inventem problemas e mentiras. Sei que as mentiras vendem mas espero que a imprensa possa permitir que Zaniolo cresça em paz e que possamos ajudar a fornecer um jogador para a seleção de Itália, que também está em grande forma. A minha equipa é composta por boas pessoas e bons jogadores. Podemos debater questões de posições e movimentos táticos mas nunca fico zangado com eles”.
José Mourinho promised to buy wonderkid Felix Afena-Gyan [born in 2003!] new €800 shoes after match-winning brace for AS Roma in 10 minutes…
…and he did it. “He was dreaming of these shoes, so I thought: let’s do it”. ????⤵️ @ohenegyanfelix9 pic.twitter.com/uY5ewVaQEu
— Fabrizio Romano (@FabrizioRomano) November 22, 2021
A mensagem dizia respeito não só a Zaniolo mas também ao avançado Tammy Abraham, dianteiro inglês que foi contratado ao Chelsea e que alguns meios referiram estar a ter problemas com o técnico. A reação após os dois golos com o Zorya deixou uma imagem diferente. E era na jovem dupla ofensiva que estavam grande parte das fichas na receção ao Torino, onde Mourinho iria reencontrar um treinador, Ivan Juric, que nunca morreu propriamente de amores pelo português mas que se desfez em elogios antes do jogo. “A Roma está a recuperar. Têm talento, têm dinâmica, fizeram agora uma grande exibição. Mourinho é um dos treinadores de top, sempre em clubes de top e com jogadores de top. Até mesmo quando a Roma perdeu conseguiu jogar bem e mostrou sempre entusiasmo no jogo”, destacou.
No final, acabou por ser Tammy Abraham a fazer a distinção entre a equipa que jogou mais (Torino) e a equipa que ganhou (Roma). E se Félix recebeu umas chuteiras e Filippo uma bola, o inglês continua a ter direito a uma melhor carreira. “Mourinho é obviamente alguém muito importante para mim. Ele treinou alguns dos maiores de sempre e trabalha sempre para tirar o melhor de nós. Sei que posso fazer melhor, sei que preciso fazer melhor. Sei o que posso fazer no campo e o que os meus companheiros precisam que faça, por isso tenho de melhorar e marcar mais golos para ajudar a equipa”, disse após o jogo com o Zorya. Contra o conjunto de Turim, voltou a marcar. E “ofereceu” o triunfo ao português.
4 – Prima di Tammy Abraham, l'ultimo attaccante inglese a segnare almeno quattro gol in un campionato di Serie A fu Jay Bothroyd con la maglia del Perugia nel 2003/04. Leone.#SerieATIM #RomaTorino pic.twitter.com/D22tVIgvJ5
— OptaPaolo ???? (@OptaPaolo) November 28, 2021
Mantendo a linha de três que tinha ganho em Génova mas com Smalling no lugar de Kumbulla, a Roma começou por sentir grandes dificuldades no arranque do encontro ao dar de forma consentida a posse ao Torino mas ao ser surpreendida pela pressão alta dos visitantes que condicionava a saída em transições. Praet, em duas ocasiões, atirou para defesas de Rui Patrício (10′ e 18′) antes de Pobega ter também uma boa situação com remate por cima da trave (25′). A pressão começava a ser asfixiante, com a agravante da substituição forçada de Pellegrini por Carles Pérez logo no quarto de hora inicial, mas acabou por imperar a eficácia para alterar por completo as bases do encontro ainda antes do intervalo.
Tammy Abraham, numa jogada que começou a criar desequilíbrios pela subida com bola de Mancini e teve depois uma grande assistência para a diagonal de Mkhitaryan, inaugurou o marcador pouco depois da meia hora, concretizando a primeira grande oportunidade dos romanos antes do caso do jogo que teve mais de três minutos de espera para o VAR revogar uma grande penalidade assinalada a favor dos visitados. E seria o mesmo Abraham a ter na cabeça a possibilidade de aumentar a vantagem ainda antes do intervalo, com um remate na área que obrigou Milinkovic-Savic a uma vistosa defesa para canto (45′).
[Clique na imagem para ver o golo do Roma-Torino em vídeo]
O Torino acabava a primeira parte com muito mais bola (65%), mais remates (8-5) e mais cantos (5-2) mas era a Roma que estava na frente e assim se manteve até ao final dentro das mesmas características, com os visitantes a apostarem tudo no ataque para chegarem ao empate e os romanos a consentirem essa posse à procura das transições para chegarem à baliza contrária. Nem um nem outro conseguiu marcar. E assim se escreveu mais um triunfo dos giallorossi na Serie A, consolidando o quinto lugar na prova.