Os novos contratos de arrendamento de casas no concelho de Lisboa no primeiro semestre deste ano foram 9.065, um recorde desde que há registos, segundos dados oficiais publicados numa plataforma digital com estatísticas sobre habitação apresentada esta segunda-feira.

O site LXhabidata reúne dados sobre habitação dos 18 concelhos da Área Metropolitana de Lisboa (AML), de fontes oficiais (Instituto Nacional de Estatística, Registo Nacional do Alojamento Local e autarquias).

A plataforma permite “comparar preços, compreender a dinâmica dos mercados e das políticas públicas, identificar tendências” e “uma das constatações a reter é o crescente dinamismo do arrendamento na capital, independentemente da pandemia: no primeiro semestre de 2021 registou-se o maior número de contratos desde que há dados“, lê-se numa nota das coordenadoras da plataforma, divulgada a propósito do lançamento do site.

Esta plataforma é um projeto do DINÂMIA’CET-IUL – Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território do ISCTE (Centro Universitário de Lisboa), financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e coordenado pelas investigadoras Sandra Marques Pereira e Madalena Matos.

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O site apresenta os dados, de atualização permanente, através de mapas, tabelas e gráficos e pretende ser uma “ferramenta fundamental” para “a monitorização” da situação da habitação na AML, face ao “enorme problema de inacessibilidade de habitação resultante do crescimento acentuado dos preços e das rendas face aos rendimentos”, segundo Sandra Marques Pereira, citada na nota de apresentação do projeto.

“Mais à frente, também esperamos que possa vir a ser uma ferramenta de monitorização da componente habitacional do PRR”, acrescentou Sandra Marques Pereira, numa referência ao Plano de Recuperação e Resiliência, de fundos europeus para responder à crise gerada pela pandemia da Covid-19.

Os dados reunidos neste site, ao nível de concelho e de freguesia, estão organizados em oito categorias: mercado da habitação; construção/reabilitação; habitação pública; acesso à habitação; condições e habitabilidade, receitas autárquicas, alojamento local e dados intercensitários 2021 (que serão inseridos quando forem conhecidos os resultados dos Censos deste ano).

O número recorde de novos contratos de arrendamento familiares em Lisboa nos primeiros seis meses de 2021 é uma das conclusões da análise dos primeiros dados inseridos na base de dados destacadas pelas coordenadoras do projeto.

Os 9.065 novos contratos na cidade de Lisboa (31% do total de toda a AML) no primeiro semestre sucedem a 7.968 no semestre anterior (o segundo de 2020) e comparam com os 6.841 celebrados no mesmo período do ano passado (janeiro a junho), segundo os dados do INE publicados no LXhabidata. Os dados mais antigos inseridos na plataforma são de 2017.

A Lisboa seguem-se, com mais novos contratos de arrendamento no primeiro semestre do ano, os concelhos de Sintra (2.954) e Cascais (2.356).

Já o concelho da Área Metropolitana de Lisboa com menos novos contratos de arrendamento, no primeiro semestre deste ano, foi Alcochete (124), seguido de Sesimbra (275) e Montijo (468).

Outro dos dados “mais impressivos”, para as coordenadoras do projeto, “é o da taxa de esforço no mercado de arrendamento, relativo ao peso das rendas no rendimento das famílias”, que é superior a 40% em todos os concelhos.

“Neste indicador destaca-se Lisboa: a renda mediana dos arrendamentos realizados no 2.º semestre de 2019 [os dados mais recentes], corresponde a 80% do rendimento mediano das famílias do concelho em 2019. Segue-se Cascais, com 73%, e a Amadora, com 68%. Os concelhos da Margem Sul, à exceção de Almada, registam as taxas de esforço mais baixas, na ordem dos 40%: Alcochete com 40,5% e Sesimbra com 40,6% são as mais baixas. Em Lisboa, mesmo na freguesia com preços mais baixos, Santa Clara, a taxa de esforço é de 59%”, lê-se no texto de lançamento do site.

A plataforma LXhabidata é apresentada esta segunda-feira, numa sessão no ISCTE, em Lisboa, que será também transmitida online.