Sem surpresas, um dos fundadores do Livre venceu a candidatura às primárias do partido e será o cabeça-de-lista por Lisboa às eleições legislativas de 30 de janeiro. Rui Tavares — que foi eleito em setembro como vereador na autarquia da capital — mais do que duplicou a pontuação do segundo candidato mais votado nas primárias a Lisboa.

Livre vê no “colapso da esquerda” hipótese para acordo alargado e alerta: “As pessoas votam em maioria absoluta e acordam com bloco central”

Com 327 votantes (em 2019 foram 211 a avalizar com 798.64 pontos Joacine Katar Moreira) Rui Tavares conquistou 2287.9 pontos e Carlos Teixeira — que integra a direção do partido — 1134.7 pontos, deixando poucas dúvidas sobre a preferência por aquele que é ainda hoje o rosto mais conhecido no partido.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em Leiria, apresenta-se como cabeça de lista aquele que foi também candidato às autárquicas, Filipe Honório; no Porto, Jorge Pinto que conseguiu uma pontuação superior a Diamantino Raposinho candidato à câmara nas autárquicas deste ano; nos Açores, José Azevedo; em Aveiro, Joana Filipe; em Beja João Aiveca Caseiro; em Braga, Teresa Mota; em Castelo Branco, Stela Lourenço; em Coimbra, Rui Mamede; em Évora, Glória Franco; em Faro, Marta Setúbal; na Guarda, Margarida Bordalo; pela Madeira Tiago Camacho; em Portalegre, Francisco Biscainho; em Santarém, Sandro Miguel Santos; em Setúbal, Paulo Muacho; em Viana do Castelo, Filipe Faro da Costa; em Vila Real, João Luís Silva; em Viseu, Miguel Won.

Marcelo convocou Livre para audiência. Depois do tropeção Joacine partido já faz contas para legislativas

Pelo círculo da Europa, o Livre apresentará ainda Natércia Rodrigues Lopes e Fora da Europa Geiziely Fernandes. Apenas Bragança ficou de fora da realização destas primárias, mas fonte do partido garante ao Observador que o Livre também terá uma lista pelo distrito.

“A Esquerda que não desiste”, Livre começa a ensaiar o discurso

A acompanhar o processo eleitoral interno e a realização do Congresso (agendado para 11 e 12 de dezembro em Oeiras) onde serão apresentadas as listas finais do partido, o Livre vai ensaiando o discurso para a campanha. Ao contrário de PCP e BE — que culpa por terem deixado cair o Orçamento do Estado — o Livre já se apresentou como “a esquerda que não desiste”.

“O Livre apresenta-se como uma esquerda sem receios do compromisso e da governação e que procurará sempre acordos negociados para legislaturas completas, que permitam a implementação das políticas transformadoras de que Portugal precisa urgentemente”, lê-se na mensagem política do partido para as eleições.

O Livre deixa também algumas pistas que podem ser base para futuros entendimentos, já que diz não desistir. “O Livre não desiste de ser uma voz na Assembleia da República em defesa da justiça social e da justiça ambiental, da igualdade e dos Direitos Humanos e uma garantia que o diálogo não morreu com esta crise política”, frisa o partido que acrescenta ainda questões como a “garantia da segurança social; escola pública de qualidade; habitação; valorização do SNS e profissionais; o Novo Pacto Verde; o rendimento básico incondicional ou as 30 horas de trabalho semanais”.

“O que o Livre porá em cima da mesa é a necessidade de haver acordo entre vários partidos negociado com tempo, conteúdos. É preciso ser consequente, ter acordo e metodologia de construção e diálogo que permita ao país passar para outro patamar de ação política”, disse ao Observador Rui Tavares.