O Presidente bielorrusso acusou esta segunda-feira a Lituânia de despejar cadáveres de migrantes na fronteira entre os respetivos países, o que esta rejeitou, num contexto de crescente tensão fronteiriça entre a Bielorrússia e os seus vizinhos da União Europeia.

Alexander Lukashenko tentou classificar as tensões relacionadas com a crise migratória junto à fronteira externa da União Europeia (UE) como parte de uma suposta conspiração ocidental contra a Bielorrússia e a Rússia.

Lukashenko afirmou numa reunião com as suas chefias militares que guardas fronteiriços bielorrussos encontraram os cadáveres de dois migrantes deixados na fronteira durante o fim de semana.

Eles põem um cadáver, ou, provavelmente, uma pessoa que ainda está viva, num saco-cama e largam-na na fronteira. Que abominação!”, declarou.

O Serviço de Guarda Fronteiriça Estadual da Lituânia rejeitou a acusação bielorrussa, afirmando que as autoridades bielorrussas tentaram repetidamente espancar, incapacitar ou mesmo matar migrantes, enquanto culpavam a Lituânia por tal “tratamento desumano”.

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A UE acusou Lukashenko de travar uma “guerra híbrida” contra o bloco comunitário, usando migrantes desesperados como peões e incitando-os a atravessar a fronteira para a Polónia e a Lituânia, Estados-membros da UE, para desestabilizar todo o bloco.

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Bruxelas afirma que se trata da vingança de Lukashenko pelas sanções impostas pela UE à Bielorrússia após a sua violenta repressão de protestos populares no país.

As autoridades bielorrussas negaram as acusações e dispararam novamente contra a UE, acusando-a de não oferecer passagem segura aos migrantes.

Desde 8 de novembro, um grande grupo de migrantes, na maioria curdos iraquianos, encontra-se retido junto à fronteira da Bielorrússia com a Polónia, com temperaturas gélidas, enquanto as autoridades dos dois países se enfrentam.

A maioria dos migrantes está em fuga devido a conflitos ou miséria no país natal e tem como objetivo chegar à Alemanha ou a outros países da Europa ocidental.

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Esta segunda-feira, Lukashenko indicou igualmente que os guardas fronteiriços também encontraram vários outros migrantes enregelados que por pouco estavam ainda vivos numa casa abandonada de uma quinta perto da fronteira com a Lituânia.

Deu também ordens aos responsáveis militares para aumentarem o nível de prontidão das tropas devido a manobras da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte) perto da fronteira bielorrussa.

O líder bielorrusso desvalorizou as preocupações ocidentais relativas a alegados planos russos para invadir a Ucrânia, que também faz fronteira com a Bielorrússia, dizendo que Moscovo tê-lo-ia informado disso se tivesse tais intenções.

Mas, fazendo eco de declarações do Kremlin, avisou as autoridades ucranianas de que se tentarem usar a força para recuperar áreas controladas pelos separatistas pró-russos no centro industrial do leste ucraniano conhecido como Donbass, a Bielorrússia ficará ao lado da Rússia.

Se tentarem iniciar uma pequena guerra no Donbass ou nalgum ponto junto à fronteira com a Rússia, a Bielorrússia não ficará à margem, e é claro de que lado ficará”, declarou.

O ministro da Defesa bielorrusso, tenente-general Viktor Khrenin, disse que “a médio-prazo”, a Bielorrússia e a Rússia irão realizar manobras conjuntas para proteger a fronteira da Bielorrússia com a Ucrânia.

As autoridades ucranianas expressaram preocupação com a hipóteses de tropas russas poderem usar território bielorrusso para invadir a Ucrânia.

O Kremlin negou a existência de quaisquer planos para lançar um tal ataque e acusou as autoridades ucranianas e os seus apoiantes ocidentais de fazerem acusações para encobrir as suas próprias intenções agressivas.