A empresa de transporte ferroviário Medway indicou esta terça-feira que, após o acidente que matou um trabalhador no Porto de Leixões, se “empenhou escrupulosamente” na implementação de melhorias na segurança, nomeadamente ao nível da visibilidade e na instalação de passadiços.

A falta de condições de segurança e de supervisão da empresa potenciaram o acidente envolvendo um trabalhador, colhido mortalmente, em 21 de fevereiro de 2018, por uma locomotiva, durante manobras no Porto de Leixões, em Matosinhos, distrito do Porto, concluiu o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF).

Após este acidente, a Medway empenhou-se escrupulosamente na aplicação de melhorias ao nível da segurança, tendo implementado, nas locomotivas da sua frota, nas quais os maquinistas têm menor visibilidade, sistemas de televisualização (semelhantes aos assistentes de estacionamento dos automóveis) para apoio ao maquinista na realização de manobras”, refere a empresa, em resposta escrita enviada à agência Lusa.

A Medway conta que também “estão a ser substituídos os faróis frontais das locomotivas por faróis LED, com maior iluminância, cumprindo com as regras standard previstas para o setor”.

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“Confirmamos também que, imediatamente após o acidente, o gestor da infraestrutura [IP] resolveu o tema da iluminação insuficiente no local e colocou passadiços naquele canal, conforme anteriormente e por diversas vezes solicitado pela Medway, com a finalidade de minimizar os riscos de acidente na zona”, lê-se na resposta.

“Enquanto operadora de logística integrada”, a Medway diz que se tem “dedicado à promoção da ferrovia em Portugal”, designadamente na criação de “soluções inovadoras que melhorem a segurança e a prestação dos serviços para colaboradores, parceiros e clientes”.

A empresa de transporte e logística, anteriormente designada de CP Carga, reiterou o pesar pelo falecimento do seu colaborador, na sequência do acidente de trabalho, “enquanto eram executadas operações de rotina”.

O relatório final do GPIAAF explica que o inspetor de transportes da empresa cumpria o seu turno de serviço, “tendo-se deslocado ao setor da triagem da estação de Leixões, para auxiliar e orientar a manobra, como usualmente fazia”, mas, desta vez, “contrariamente ao que seria habitual, não envergava vestuário de alta visibilidade”.

“A análise realizada aos factos e à informação recolhida permitiu identificar condições e ações, quer ao nível do planeamento, quer de execução, quer de controlo pelas organizações envolvidas, que resultaram num estado inseguro na realização do trabalho que estava em execução”, determinou a investigação.

Os investigadores referem que a vítima, “por razão que não foi possível apurar inequivocamente, não teve consciência situacional quanto a estar a caminhar na linha onde a locomotiva se aproximava”.

“Por outro lado, as condições de iluminação da triagem na zona do acidente tornavam muito difícil ao maquinista poder vislumbrar o trabalhador aproximando-se da linha (…). Acresce que a manobra não foi considerada como complexa, situação em que requeria o auxílio de um operador de manobra para a visualização do trajeto. Com a maior probabilidade, o trabalhador caminhava sobre a via devido à ausência de passadiços apropriados para a realização do trajeto”, aponta o GPIAAF.

Este organismo indica que “não existem evidências de que a ausência de trajetos pedonais seguros e ligados entre si no parque de material de Leixões tenha sido considerado um risco relevante pelo gestor da infraestrutura e pela empresa de transporte ferroviário”, não existindo igualmente, “evidências de ações de controlo ou de mitigação do risco”.

A investigação concluiu também que “existiu uma falta de supervisão do trabalhador vitimado, nomeadamente tendo em conta a ausência de exame médico válido há longo tempo, mantendo-o ao serviço”.