Era um jogo importante nas contas da Segunda Liga, que fechava a 12.ª jornada no Estádio José Gomes, na Reboleira. De um lado, o Estrela da Amadora, que depois de um bom início de prova foi perdendo gás, trocou de treinador e tentava aproximar-se dos lugares cimeiros; do outro, o Benfica B, que está a ter uma época de maiores registos na classificação e poderia ascender à liderança da competição. Todos os ingredientes para um grande encontro de futebol mas que, ao intervalo, chegou a ter a ameaça de não prosseguir.

No período de descanso, os responsáveis do clube amadorense, que então perdia por 3-2 mas que já estava reduzido a dez unidades por vermelho direto ao central André Duarte (12′), ponderaram mesmo não voltar ao relvado para cumprirem a segunda parte pela atuação do árbitro Miguel Nogueira e restante equipa. A ideia não passou à prática, o conjunto da Reboleira cumpriu mesmo os derradeiros 45 minutos e acabou goleado por 6-3 com mais uma expulsão direta, neste caso do lateral Afonso Figueiredo, logo aos 55′ ainda com 3-2. No final, seguiram-se críticas e acusações de diferentes partes, entre agressões, insultos e ameaças.

Conselho de Arbitragem fala em agressão ao árbitro no túnel dos balneários

“O árbitro do Estrela da Amadora-Benfica B, da Liga 2, relatou ao Conselho de Arbitragem, esta segunda-feira, agressões no corredor de acesso ao balneário utilizado pela equipa de arbitragem no Estádio José Gomes. Um dos responsáveis pela agressão foi identificado pelas forças de segurança presentes no estádio. O Conselho de Arbitragem já participou a ocorrência ao Conselho de Disciplina”, anunciou o órgão.

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“O Conselho de Arbitragem repudia de forma veemente este acontecimento, que considera da maior gravidade, e manifesta a sua solidariedade para com a equipa de arbitragem constituída por Miguel Nogueira, Nuno Pereira, José Luzia e Pedro Brás. Os recintos desportivos têm de ser locais de segurança, onde todos podem exercer a sua atividade livremente. O que se passou esta segunda-feira numa competição profissional envergonha e merece a célere e total punição dos responsáveis”, completou o comunicado.

Estrela da Amadora vai agir criminalmente contra o árbitro assistente

“O Estrela da Amadora é uma instituição que defende a ética e a verdade desportiva. O que assistimos hoje no Estádio José Gomes, na Reboleira, é a maior atrocidade do futebol profissional de anos a perder de vista. O que fizeram ao plantel e à estrutura profissional da nossa equipa é uma calamidade à escala mundial do que é pôr em causa o profissionalismo e trabalho diário dos agentes desportivos em questão. A classe de arbitragem merece-nos o maior respeito e tal como temos alguns dos melhores jogadores e treinadores do mundo, também temos alguns dos melhores árbitros do mundo. O jogo de hoje na Amadora, deve servir de reflexão profunda de todas as instâncias que gerem o futebol nacional, quer do ponto de vista técnico, quer do ponto de vista disciplinar e, pior de tudo, do ponto de vista comportamental”, alegou.

“O Estrela da Amadora, pela primeira vez nos últimos anos do futebol nacional, irá agir, para além de disciplinarmente, criminalmente, contra especificamente os indivíduos que se apresentaram hoje para dirigir um jogo de futebol profissional em Portugal. É urgente que, numa Liga tão bem profissionalizada, pela atual direção da Liga Portugal, que o sistema VAR seja implementado com carácter de urgência. Os acontecimentos deste fim de-seman  em Portugal devem ser ato de reflexão de todos nós. Hoje, sabemos mais do que nunca, que estamos a fazer bem o nosso trabalho. Obrigado a todos os que fizeram a melhor casa da época e em nome do futebol nacional, pedimos-lhes desculpa pelo que hoje assistiram. Sempre que for 11 contra 11, vão ter de levar connosco”, acrescentou a missiva do conjunto da Reboleira.

Antes, na sala de imprensa, Marco Ferreira, diretor executivo do Estrela da Amadora, tinha detalhado o que estaria em causa. “Vamos agir criminalmente contra o árbitro assistente Nuno Pereira. Por mais bocas que venham da bancada, nunca pode responder em tom violento a adeptos que pagaram bilhete para ali estar. Vamos fazer com que, pela primeira vez no futebol português, uma equipa de arbitragem seja punida judicialmente. Não vamos deixar que jamais destruam o que fizemos. Exigimos um pedido de desculpas da Liga, do Conselho de Disciplina e da equipa de arbitragem. [O árbitro] Consegue expulsar um jogador [André Duarte] estando de costas para o lance e, no outro, ri-se na cara do Afonso Figueiredo, que chegou a um nível que esse árbitro nunca vai chegar. Também apitou o penálti antes do jogador cair”, defendeu.