A empresa AMARSUL, de tratamento de lixo em nove concelhos da Península de Setúbal, disse esta terça-feira que a adesão à greve na empresa foi de 51% na segunda-feira e que não estão a ser cumpridos os serviços mínimos.

“Os piquetes de greve não estão a permitir que seja assegurada a totalidade dos serviços mínimos definidos e aprovados pelo Conselho Económico e Social”, escreveu a empresa, num comunicado sobre a greve na AMARSUL, que começou na segunda-feira e termina em 3 de dezembro.

A empresa assegurou ter informado o sindicato que convocou a paralisação “para esta situação não aceitável”, uma vez que está em causa “a saúde pública das populações”, o que é de “especial relevância em contexto de pandemia”.

A Amarsul está atenta à evolução da situação, nomeadamente às questões de saúde pública associadas à necessidade de cumprimento dos serviços públicos essenciais, e tomará todas as medidas necessárias ao cumprimento dos serviços mínimos, considerando a agravante do contexto de pandemia vivido em todo o país e o estado de calamidade que entrará em vigor a 1 de dezembro”, lê-se na mesma nota.

Quanto à adesão à greve, a empresa disse que, no primeiro dia, segunda-feira, foi de 51% e que esta terça-feira os números são ainda parciais, mas que, “com os primeiros registos de entrada, foi de 39%”.

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Segundo os sindicatos, no primeiro dia de greve, a adesão foi de 100% no ecoparque de Setúbal e de 70% nos ecoparques do Seixal e Palmela.

A Câmara do Seixal disse que as viaturas de recolha de lixo no concelho estão sem acesso ao aterro sanitário por causa da greve e pediu à população para não deixar resíduos fora de contentores.

Outras duas câmaras, Barreiro e Moita, emitiram comunicados na segunda-feira com apelos à população para só deixar lixo em contentores ainda com capacidade.

Em relação aos motivos da greve, a AMARSUL disse, na mesma nota, que “mantém desde o início uma política de diálogo, recebendo sempre o sindicato, ouvindo as suas reivindicações e procurando, na medida do possível, dar resposta aos problemas identificados, dando sempre a conhecer os racionais de decisão associados a cada uma das medidas tomadas”.

A greve foi decretada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionarias e Afins e pelo Site-Sul – Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul.

Segundo os dois sindicatos, os trabalhadores lutam pela reversão imediata dos cortes no subsídio de turno, pela passagem ao quadro de todos os trabalhadores com vínculo precário a ocupar postos que correspondem a necessidades permanentes da empresa, pela redução do período normal de trabalho, pelo regresso ao direito ao dia de Carnaval como feriado obrigatório e pelo direito a um período mínimo de férias de 25 dias úteis.

A Amarsul — Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos S.A. tem a concessão de exploração e gestão do Sistema Multimunicipal de Tratamento e de Recolha Seletiva de resíduos urbanos da Margem Sul do Tejo, até 2034.

A empresa é responsável pelo tratamento e valorização dos resíduos urbanos dos nove municípios da Península de Setúbal (Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra e Setúbal).

Em julho de 2015, a AMARSUL foi privatizada e passou a integrar o grupo Mota Engil.

No comunicado esta terça-feira divulgado, a Câmara do Seixal voltou a condenar a privatização e disse que foi uma “decisão contestada pelas câmaras municipais da região e que tem sido prejudicial ao serviço público, às populações e aos seus trabalhadores”.

A câmara do Seixal condenou o “deficiente funcionamento da AMARSUL”, que “deixou de realizar os investimentos necessários, degradando a prestação do serviço”, “o que é por demais evidente com o Aterro Sanitário do Seixal, que se encontra esgotado”, sem que a empresa “mostre sinais de preocupação ambiental, ao mesmo tempo que aumenta as tarifas cobradas aos municípios e às populações”.