Os treinadores estão assumir um protagonismo cada vez maior na Serie A, seja pelos trabalhos que têm vindo a realizar (Spalletti no Nápoles ou Pioli no AC Milan), seja pelo futebol que conseguem colocar as suas equipas a jogar (Gasperiri na Atalanta, Alessio Dionisi no Sassuolo), seja pelo currículo e/ou carisma. Neste último bloco, José Mourinho e Sinisa Mijahlovic são exemplos paradigmáticos pelas trajetórias como jogadores ou treinadores, pela experiência internacional ou pela própria história de vida. E se nunca houve nada que apontasse para uma grande relação entre ambos, a realidade afinal era diferente.

Para Félix, as botas. Para Filippo, a bola. Para Tammy, uma carreira (a crónica da vitória da Roma de Mourinho frente ao Torino)

“Ele esteve sempre próximo de mim durante a minha doença [leucemia] e nunca esquecerei isso. Todo o comportamento que ele teve comigo comoveu-me, é um grande técnico e uma grande pessoa. Quando ele esteve no Inter, disse algo contra mim e respondi que não falo com ninguém que não jogou futebol de alto nível. Depois tudo ficou resolvido e continuámos amigos. Ambos somos de países onde ser astuto e leal é algo valorizado, por isso temos algo em comum. Já antes disto me tinha enviado uma mensagem quando fui avô e confidenciou-me que está ansioso para o ser também. Respondi-lhe que haverá tempo para isso”, contou antes do duelo entre ambos Mihajlovic, técnico que chegou a estar no Sporting.

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Nada como o tempo para curar eventuais feridas mas dificilmente o sérvio poderia imaginar que, mais de uma década depois da passagem pelo Inter voltaria a medir forças com o português num outro clube, neste caso a Roma, na Serie A. E numa aposta que, apesar de alguns períodos menos conseguidos ao longo desta época, continua a ser defendida pelo Imperador do clube. “Os adeptos não têm muita paciência porque a Roma está sem ganhar nada há muito tempo, mas com a chegada de Mourinho há muito entusiasmo para ganhar novamente um título. É isso que os adeptos precisam. Espero que a Roma termine nos quatro primeiros para jogar a próxima edição da Champions. Penso que Mourinho é um grande treinador e pode levar a equipa ao topo em Itália”, destacou o ex-avançado Francesco Totti, em entrevista ao Sport.

Até pelas palavras de José Mourinho ao longo da temporada, no sentido de ser uma espécie de ano 0 do novo projeto para criar bases para o futuro, as quatro primeiras posições podem não ser um objetivo para já na cabeça do treinador mas está na cabeça dos adeptos. E, para isso, o encontro dos romanos em Bolonha, contra uma equipa a fazer uma prova muito estável até ao momento (oitavo lugar), era mais um momento importante depois de três vitórias consecutivas, duas na Serie A, e a distância de três pontos para a Atalanta, que começava a ronda na quarta posição. Não foi. E a equipa voltou a perder.

A primeira parte foi marcada por muitos escorregadelas, pelas lesões (Arnautovic saiu com um problema muscular, houve outros jogadores a queixarem-se e Skorupski a ficar a sangrar da cabeça após um toque involuntário de Mancini) e pela eficácia que fez toda a diferença na vantagem do Bolonha ao intervalo, com Svanberg a inaugurar o marcador com um grande remate em arco de fora da área sem hipóteses para Rui Patrício (35′) antes e depois de Tammy Abraham desperdiçar as duas melhores oportunidades, primeiro após cruzamento de Karsdorp (20′) e depois permitindo uma boa intervenção a Skorupski (40′), numa fase que ficou também marcada pelo amarelo que viu e que o afastará do próximo jogo com o Inter.

Se a metade inicial não tinha sido particularmente inspirada, o início da segunda foi ainda pior para a equipa de José Mourinho, a falhar muitos passes, a ter dificuldades no último terço a e ter dificuldades em criar situações de remate depois de chegar a esta jornada como a equipa com mais tentativas da Serie A. Só mesmo a 20 minutos do final voltou a haver uma verdadeira oportunidade, com Tammy Abraham a assistir Mkhitaryan mas o georgiano a permitir a defesa a Skorupski na área antes de fazer um chapéu por cima da trave na recarga (70′). Abraham, de livre e depois num trabalho na área, ainda voltou a ameaçar (75′ e 85′) mas o resultado não mais iria mexer, com o Bolonha a ficar agora a um ponto da Roma e a equipa de José Mourinho a aumentar para seis pontos a distância da Atalanta, que goleou na véspera o Veneza.