Os dez chefes da Urgência Cirúrgica do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, voltaram a demitir-se, avançou a RTP3. A decisão foi tomada durante a manhã desta quinta-feira, após uma reunião com todos os profissionais desta especialidade.

Fonte oficial do Hospital de Santa Maria confirmou ao Observador que a urgência de cirurgia esteve a funcionar com normalidade ao longo da manhã e, às 12h50 desta quinta-feira, continuava de portas abertas. Questionada sobre se vai continuar em funcionamento no resto do dia, a assessoria confirma apenas que “tem profissionais de saúde”, mas não esclarece se as escalas da urgência de cirurgia estão completas neste momento.

Em declarações ao mesmo canal de televisão, Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, explicou que os clínicos do Santa Maria tomaram a decisão porque o conselho de administração do hospital não cumpriu com os compromissos assumidos, nomeadamente no que diz respeito à contratação de médicos, alteração dos circuitos e diminuição das horas extras a efetuar. “Todas as matérias que tinham sido assumidas não foram cumpridas, e neste momento não existe uma escala de urgência para o Hospital de Santa Maria”, afirmou Jorge Roque da Cunha.

Mas do conselho de administração do hospital chega uma versão diferente. Em declarações ao Observador, fonte oficial do Hospital de Santa Maria garantiu que “o Conselho de Administração não voltou atrás em absolutamente nada”, tendo inclusivamente reforçado as equipas médicas, aberto um concurso para contratação de médicos para os quadros e transferindo os doentes com monotrauma do serviço de cirurgia geral para o serviço de ortopedia.

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Chefes das urgências de cirurgia do Santa Maria vão manter-se no cargo. Hospital assegura “funcionamento regular”

Num comunicado emitido horas mais tarde, o conselho de administração garantiu que mantém “todas as soluções apresentadas às equipas da Cirurgia Geral”. Essas mesmas medidas “que os chefes de equipa da urgência cirúrgica consideraram, em reunião realizada no dia 30 de novembro, resolver de forma integral as questões apresentada.

Os chefes da Urgência Cirúrgica do Santa Maria anunciaram a sua demissão a 10 de novembro, justificando a decisão com o agravamento das condições de trabalho depois de os assistentes hospitalares terem recusado ultrapassar as horas extraordinárias estipuladas na lei se se mantiverem as condições atuais. “A escala de urgência de Cirurgia Geral não é exequível”, consideram.

Após uma reunião com o conselho de administração, durante a qual foram discutidos os problemas do serviço de urgência e ouvidas as queixas dos especialistas, este comunicou a 30 de novembro que os médicos iam manter-se nas suas funções. Decisão agora revertida.