A distrital de Lisboa do PSD recusou esta quinta-feira ter excluído nomes na sua proposta de candidatos a deputados, considerando que a Comissão Política Nacional (CPN) é que parece “querer excluir” quem não esteve do seu lado nas eleições internas.

Fonte da direção da distrital de Lisboa do PSD disse esta quinta-feira à Lusa que “não houve exclusão de qualquer nome”, tendo sido aprovadas as indicações das concelhias e da organização distrital, e que foram apresentadas na quarta-feira à CPN, como determinam os estatutos e o cronograma aprovado pela direção.

“O que se sente da parte da CPN é que querem excluir quem não os apoiou”, refere a mesma fonte.

Como exemplos, aponta que também foram indicados apoiantes de Rui Rio como Alexandre Simões ou Américo Vitorino nas propostas de Lisboa para candidatos a deputados para as legislativas de 30 de janeiro.

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Esta posição da direção do PSD/Lisboa surge depois de fonte oficial da direção do PSD ter dito à Lusa que existe “uma estratégia de afrontamento” por parte de algumas das distritais que já entregaram as suas propostas de listas à Comissão Política Nacional (CPN), dando como exemplos as de Lisboa ou do Porto.

Legislativas. Direção do PSD fala em “estratégia de afrontamento” por parte de algumas distritais

Essa estratégia passaria, segundo a mesma fonte da direção, por “manter os mesmos nomes” de há dois anos, e que apoiaram Paulo Rangel nas últimas diretas, e até “excluir” os apoiantes de Rio.

No caso da distrital de Lisboa, apontou-se que não foi proposto o nome de Ricardo Baptista Leite – que há dois anos constava das indicações do PSD/Lisboa, mas desta vez não foi indicado pela concelhia de Cascais -, mas nomes de deputados apoiantes de Paulo Rangel como Carlos Silva ou Sandra Pereira, ou de Rodrigo Gonçalves, que se afastou de Rui Rio, de quem foi apoiante na primeira eleição em 2018.

Rui Rio foi reeleito no sábado presidente do PSD, em eleições diretas disputadas com o eurodeputado Paulo Rangel, e que venceu por 52,4% dos votos.

Em entrevistas já depois da reeleição, Rui Rio já referiu que “a competência e a lealdade” seriam critérios para a elaboração das listas”, mas assegurou que não haveria “uma limpeza étnica”.

Só na reunião da Comissão Política Nacional — que se realizará na terça-feira, pouco antes do Conselho Nacional marcado para Évora, pelas 21h00 — haverá decisões definitivas da direção sobre as propostas das distritais.

Há dois anos, houve casos de distritais que se reuniram por mais do que uma vez com a direção, um cenário que dificilmente se repetirá devido ao calendário apertado.

O Conselho Nacional está marcado para a próxima terça-feira, com uma segunda data para dia 10 (caso a lista de deputados proposta pela direção chumbe na primeira tentativa), com o objetivo de as listas serem entregues nos vários tribunais em 15 de dezembro.

O prazo limite para a entrega da lista de deputados para as legislativas de 30 de janeiro termina em 20 de dezembro, um dia depois de terminar o Congresso do partido, que se realiza entre 17 e 19 em Lisboa.

De acordo com os estatutos do PSD, compete às comissões políticas distritais “propor à Comissão Política Nacional candidaturas à Assembleia da República, ouvidas as Assembleias Distritais e as Secções”.

À CPN, compete “aprovar os critérios para a elaboração das listas de deputados à Assembleia da República, nos termos do regulamento”, e ao Conselho Nacional aprovar as listas.

Além de um cronograma, a CPN aprovou também em meados de novembro esses critérios, em que atribui ao “presidente eleito” a responsabilidade de indicar os cabeças de lista em cada círculo eleitoral, num texto elaborado antes das diretas disputadas no sábado entre Rui Rio e Paulo Rangel e que foram ganhas pelo atual presidente por 52,4% dos votos.

Repetem-se praticamente todos os critérios aprovados para a elaboração das listas de 2019, incluindo a “concordância com a orientação estratégica da Comissão Política Nacional e disponibilidade para cooperar de forma politicamente leal e solidária”.