Donald Trump escondeu que testou positivo à Covid-19 três dias antes do primeiro debate eleitoral contra Joe Biden. Esta é uma das revelações do livro de Mark Meadows, quarto e último chefe de gabinete do presidente republicano, ao qual o The Guardian teve acesso. Assinalando que era necessário ter um teste negativo 72 horas antes do debate, o autor ressalva que “nada iria impedir” Trump de participar.

O então presidente dos EUA apresentou, contudo, um resultado negativo, uma vez que realizou posteriormente outro teste que utilizava outro método — o BinaxNow. Quando soube deste resultado, Meadows avança que Trump interpretou-o como “total permissão para seguir em frente como se nada tivesse acontecido”. A sua única esperança era que “o primeiro teste fosse um falso positivo”.

No dia do debate, 29 de setembro, o republicano parecia ligeiramente melhor – com “ênfase na palavra ligeiramente”, como cita o The Guardian. O rosto havia recuperado o tom habitual de bronze e a rouquidão da voz havia desaparecido, mas as olheiras estavam mais fundas, descreve o ex-chefe de gabinete. “Pude notar que ele estava a mover-se mais devagar do que o normal. Andou como se estivesse a carregar um peso às costas”.

Estas afirmações vêm confirmar uma dúvida persistente após o debate: se Donald Trump estava ou não infetado. Três dias depois, a 2 de outubro, o republicano anunciou no Twitter que testou positivo à Covid-19 e a Casa Branca garantiu que o resultado veio a público uma hora após ser conhecido. Nesse mesmo dia, Trump foi hospitalizado e Meadows admite ter compactuado com estratégias para disfarçar o verdadeiro estado de saúde do presidente. Em comunicado divulgado na quarta-feira, Trump considerou estas alegações “falsas”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Do teste positivo ao cocktail experimental e internamento. O (pouco) que se sabe e as muitas dúvidas sobre a saúde de Donald Trump

O livro de memórias de Meadows, intitulado The Chief’s Chief, será publicado na próxima semana por uma editora conservadora. O jornal britânico obteve uma cópia na terça-feira, no mesmo dia em que o ex-chefe de gabinete aceitou colaborar com a investigação à invasão do Capitólio.

Ex-assessor de Trump aceita colaborar com investigação a invasão do Capitólio