A União Europeia reforçou a segurança dos seus cidadãos que ainda se encontram na Etiópia, após a evacuação do seu pessoal não essencial devido à guerra civil com os separatistas de Tigray, anunciou esta quinta-feira uma porta-voz.

“Reforçámos as medidas de segurança para o pessoal da União Europeia [UE], especialmente o pessoal local”, disse a porta-voz Nabila Massrali.

“Em coordenação e de acordo com as instruções dadas pelos nossos Estados-membros, pedimos ao nosso pessoal não essencial e às suas famílias que deixassem o país”, declarou a porta-voz numa conferência de imprensa.

De acordo com estimativas das Nações Unidas (ONU), a guerra matou milhares de pessoas, deslocou mais de dois milhões e colocou centenas de milhares de etíopes em condições próximas à fome desde o início do conflito, em novembro de 2020.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O primeiro-ministro, Abiy Ahmed, enviou tropas para a região do Tigray para derrubar a Frente Popular para a Libertação do Povo de Tigray (TPLF) em resposta, disse o responsável político, aos ataques rebeldes aos acampamentos do exército etíope.

Os rebeldes recapturaram a maior parte de Tigray em junho, antes de chegar às regiões vizinhas de Amhara e Afar. O conflito tomou um novo rumo há um mês, quando a TPLF afirmou ter capturado cidades estratégicas numa rodovia importante que leva à capital.

Na quarta-feira, porém, a Etiópia anunciou a tomada por forças governamentais do sítio arqueológico de Lalibela, classificado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) como Património Mundial, que havia ficado sob o controlo dos rebeldes do Tigray em agosto.

O sub-secretário-geral para Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, pediu o fim da violência e apelou, sobretudo, que se os combates chegarem à capital etíope, “os principais alvos devem ser evitados”, nomeadamente o aeroporto e a própria cidade, que tem mais de cinco milhões de habitantes e “onde é inimaginável pensar em tal batalha”.

Segundo o responsável humanitário, diplomatas e outros expatriados em Adis Abeba temem que o país possa ser palco de cenas que lembrem a caótica retirada do aeroporto de Cabul após a tomada do Afeganistão pelos talibãs, em agosto.

Questionado pela AFP sobre se achava que tal cenário poderia acontecer, Griffiths respondeu: “Acho que sim, mas espero que não”.

O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas anunciou na semana passada que o número de pessoas que precisam de assistência alimentar no norte da Etiópia subiu para mais de nove milhões, já que a seca agravou a insegurança alimentar em outras regiões.

Cerca de 400.000 pessoas no norte do país correm o risco de morrer de fome, um número indiscutivelmente subestimado de acordo com Griffiths, por causa das dificuldades para avaliar a situação no terreno.

No entanto, como as condições melhoraram, as agências da ONU estão agora em posição de avaliar a situação nas próximas semanas.

A 5 de novembro, o Departamento de Estado norte-americano ordenou a retirada de pessoal não essencial da sua embaixada em Adis Abeba devido a “conflito armado, agitação civil e possível escassez de abastecimento”. A decisão dos EUA foi seguida por várias outras missões diplomáticas, como o Reino Unido e a França.